domingo, julho 23, 2006

Guerra(s)

Abomino a violência, todos os tipos de violência: verbal ou física, pessoal ou institucional, social ou política.
Como professor sou obrigado a lidar todos os dias com a violência, com a dos outros e com a minha. E repito: abomino-a.

Sobre a guerra que Israel está a travar.

É uma guerra suja? Claro que é. Como todas. Seja no Darfur, na Tchetchénia, na antiga Jugoslávia, ou no Médio Oriente. Não há guerras limpas, nunca houve. Eu indigno-me com todas as guerras, não só com esta.

Sou simpatizante de Israel? Não, não sou. Pelo contrário, tenho tomado sempre uma posição crítica face à atitude bélica e violenta com que Israel responde a atitudes de igual tipo dos seus adversários. Porque lhe reconheço uma superioridade moral. E penso que existem maneiras mais inteligentes, mais eficazes e mais humanas de lidar com o problema que Israel vive desde o momento da sua fundação e que, é verdade, reconheço ser dramático.

(na realidade devo confessar honestamente que não sei, nenhum de nós sabe verdadeiramente o que é viver o dia a dia com a plena consciência, e quando nos distraímos a sermos lembrados de tal, de que todos os países à nossa volta estão a fazer tudo o que podem para acabarem connosco, com a nossa terra e com os nossos filhos)

Que fique claro: estou sempre do lado das vítimas, de todas as vítimas, independentemente da nacionalidade.

No entanto, há alturas em que isto não chega. Hoje sei que tenho mesmo que escolher um lado, principalmente quando a maioria das pessoas à minha volta parece escolher o lado com o qual eu não posso de todo pactuar.

Pergunto:
Qual o lado que dá mais garantias, a mim, à minha família e amigos, de conduzir a nossa vida de acordo com os valores e princípios que consideramos mais humanos, mais nobres e mais respeitadores da nossa condição?
Qual o lado que dá mais garantias de o número de vítimas não vir a ser gigantesco? Por outras palavras, o lado que mostra mais respeito pela vida humana e que não justifica nem confunde a barbárie com a Vontade de Deus?

A resposta, para mim, é clara:

O meu lado é o de Israel!

Não é o do Hezbollah, nem o do Hamas, nem o da Síria, nem o do Irão, nem o do Líbano!

2 comentários:

Rui Diniz Monteiro disse...

Bazuca,
concordo com tudo o que diz (como aliás o meu post não deixa margem para dúvidas - eu nem sequer defendo Israel!), excepto o "em nome de 2 homens,..."
Infelizmente não é só por isto. É também por causa de tropas do hezbollah na fronteira sem controlo nenhum por parte do governo libanês.
E é principalmente por causa dos rockets e mísseis iranianos apontados e usados pelo hezbollah contra um país e um povo que ele jurou destruir completamente.
Um país que, por acaso, é a única barreira que temos entre a Europa e um povo fanático que acha que matar dá direito ao paraíso e que não admite críticos no seu seio (ao contrário de Israel).

Eurydice disse...

Rui, se falamos de rockets, temos que falar dos mísseis de Israel... :(
Compreendo as suas premissas, mas a conclusão parece-me contraditória. Bazuca tem razão: são demasiados mortos, e não são mais do lado de Israel...
Não posso tomar partido. Não posso escolher assim. Não posso esquecer que Jerusalém não foi entregue a Israel mas que este a ocupou. Nem os colonatos em território palestiniano... será que não era preciso diálogo e respeito? Era, decerto. E eles não existem mais do lado de Israel do que do outro lado. É a mais estúpida das guerras pela simples razão de que toda a situação foi criada da mais imprudente das formas, por uma Europa que se julgava capaz de tudo resolver e de traçar mapas como bem entendia.

É no que dá metermo-nos no que não nos diz respeito!... Mas acho que ainda não aprendemos nada de nada, apesar deste imenso fracasso, comprovado por cada morte que ali ocorre, seja palestiniano, israelita ou outro.