«Liliana
venceu Portugal, o país do medo: “Dou o nome e a cara porque não tenho de ter vergonha, eles é que deviam
ter.” Liliana foi substituída no seu posto de trabalho quando, depois de umas
férias, regressou à empresa e anunciou estar grávida. “O nosso medo está a
juntar-se à ansiedade de um presente que não tem futuro”, anota o filósofo José
Gil.»
(Público, 14 de Setembro de 2014, in http://www.publico.pt/portugal/noticia/liliana-venceu-portugal-o-pais-do-medo-1669432)
Tempo triste, este, em que o afeto e o respeito estão tão ausentes das relações entre as pessoas, principalmente das de trabalho, onde se valoriza um tratamento agressivo dos recursos humanos (considerados, ora como fonte de desperdício, ora como fonte de todos os males da empresa).
Cito G.K.Chesterton em 1927, pela boca do Padre Brown:
«- (...) Partiu do príncipio que o homem pobre exercia chantagem sobre o rico. De facto, passava-se o contrário: o homem rico é que exercia chantagem sobre o pobre.
- Mas essa história parece um disparate - objectou o secretário.
- É bem pior que isso, embora não seja assim tão invulgar - replicou o sacerdote. - Grande parte da política actual consiste numa chantagem exercida pelos ricos sobre as outras pessoas. A ideia que você faz de disparate assenta em duas ilusões, ambas disparatadas. Uma é a de imaginar que os homens ricos não pretendem ser ainda mais ricos e a outra é a de achar que uma pessoa só pode ser vítima de chantagem por dinheiro. (...)»
Chesterton, G.K.(1988). O Segredo do Padre Brown (Capítulo V - O desaparecimento de Vaudrey). Lisboa: Publicações Europa-América, p.98
Quando se trata de maltratar ou despedir grávidas, então também se trata de colaborar com a tentativa de extinção da população portuguesa, ao castigar a natalidade.
Quase me surpreendem aqueles que, muito conformados com o(s) poder(es) e muito cuidadosos para nunca os pôr em causa, se espantam com os aumentos de taxas de depressão, ansiedade e suicídio...
Ricardo Pettrella dizia numa entrevista:
«Não vemos diferença entre as escolas militares e as escolas de gestão. Foi por isso que propus há muito o encerramento das escolas de gestão, de management business administration. Estas escolas não ensinam. O que fazem é ensinar a matar. Formam matadores, conquistadores, winners. Não ensinam a gerir uma empresa.»
(Petrella, R. "Entrevista a Ricardo Petrella", Economia Pura, nº11, pág-18-19)
Sei que estou a repetir-me, mas isto é mesmo triste.