sábado, dezembro 31, 2005

Bom Ano de 2006!

Para este último post de 2005 cito um texto atribuído a Martin Niemoeller (1892–1984), pastor protestante alemão, que se refere à Alemanha hitleriana.
Há várias versões deste texto, talvez porque ele nunca tenha sido autenticado, como se explica aqui e aqui.

Escolhi a versão de António Garcia Pereira (porque, sendo um candidato presidencial silenciado pela comunicação social, representa bem todos aqueles que são também por ela silenciados), do seu livro "Ousar sonhar, Ousar lutar, Ousar vencer!":

“ Primeiro, levaram os judeus.
Mas não falei, por não ser judeu.
Depois, perseguiram os comunistas.
Nada disse então, por não ser comunista.
Em seguida, castigaram os sindicalistas.
Decidi não falar, por não ser sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos.
Também me calei, por ser protestante.
Então, um dia, vieram buscar-me.
Mas, por essa altura, já não restava nenhuma voz
Que, em meu nome, se fizesse ouvir.”

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Acredito mais

Como estão as minhas crenças?

No que gira à volta e próximo de mim acredito em cada vez menos coisas.

Ao nível da humanidade e do planeta, acredito em cada vez mais coisas.

Adivinho as expressões de perplexidade. Então vejam se se lembram (eu tenho 47 anos) do tempo em que:

- vivíamos todos à beira de ser pulverizados por umas quantas milhares de bombas atómicas, por causa de uma rivalidade em que, felizmente, a estupidez nunca chegou a ultrapassar excessivamente o bom senso;

- não sabíamos, nós os homens, ao ir para a guerra em África, se chegaríamos alguma vez à idade adulta. E se chegássemos, em que estado físico e psicológico;

- a única diferença entre uma ditadura de direita e uma de esquerda é que esta demorava mais tempo a cair;

- as mulheres viviam em quase absoluta submissão à ordem masculina;

- o ambiente ia sendo destruído sem defesa e sem revolta;

- etc, etc.

Não acho irrazoável concluir que, a nível de humanidade, estamos a caminhar para melhor!


(a propósito de um post aqui)

Explicação

Sei que não tenho tempo me dedicar à blogosfera. Porquê?

Primeiro, porque ao vir aqui acho que é desconsideração não ir aos blogamigos. Ir aos blogamigos implica a leitura atenta e, dada a qualidade do que leio, o deixar um comentário à altura. Levo muito tempo nisto.

Segundo, porque não sendo uma pessoa especialmente talentosa sei que tenho de me esforçar muito para que o que aqui escrevo tenha um mínimo de interesse. Para que valha a pena tê-lo escrito e valha a pena ser lido. Levo ainda mais tempo nisto.

Terceiro, lida da casa: compras, chegar a casa, arranjar o jantar, arrumar as coisas, sentar-me um pouco a descansar e são horas de ir dormir (levanto-me cedo, deito-me cedo).

Quarto, as prioridades no meu escasso tempo livre: passear com o meu filho fds sim fds não, ajudá-lo nos estudos, namorar, meditar, ler um livro, fazer exercício físico,... Há que confessá-lo: por último estar com os amigos e vir aqui, dado que ambos implicam dedicação e tempo, tempo que é coisa que eu não tenho. E já eliminei completamente a televisão (excepto para um eventual Seinfeld)!

Quinto, talvez a razão mais determinante: o acréscimo brutal de trabalho que o Ministério da Educação impôs aos professores este ano lectivo. E a partir de agora vou passar a ter ainda muito mais (para além das aulas e tudo o que com elas se relacionam - lecciono 5 níveis -, das horas extras com alunos, das aulas de substituição, das reuniões que nunca se deixam de ter de fazer, do imenso trabalho burocrático) porque vou ter de acompanhar os alunos (bastantes) para quem fiz um plano de recuperação por terem tido mais de 2 negativas (estão a ver, a matemática é muitas vezes uma delas).

Pronto, já desabafei!
Cansaço mais doença - não é boa combinação. Estou melhor.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Mudei outra vez!

A casa em que agora estou é bonita, quente, confortável, e tenho à minha frente um jardim e o céu todo azul!

Comecei por arrumar a comida e a roupa (o urgente).
Agora estou a arrumar os livros (o importante).

Adoro arrumar livros!
(Gostaria imenso de trabalhar numa livraria, mas se calhar seria um mau empregado)
Pegar neles, escolher o local onde os vou colocar, isto é, o sítio em que me seja mais fácil vê-los e manuseá-los, ao mesmo tempo que vou (re)descobrindo o lugar único que ocupam no meu coração...
Há livros que sublinho a lápis (poucos) e todos os outros em que coloco uma tira de papel nas páginas onde algo me iluminou. Ora, enquanto arrumo vou lendo essas passagens, muitas vezes páginas. São surpresas, revisitações, redescobertas!
Eis um trabalho lento, deliciosamente lento, este, o de arrumar livros!