quinta-feira, setembro 29, 2005

Até que enfim!

A ironia acidamente britânica de Pedro Mexia voltou à blogosfera. Aqui: Estado Civil.
Nunca o disse, mas aproveito agora: entusiasmei-me a entrar em pleno na blogosfera graças ao seu livro "Fora do Mundo", uma colectânea brilhante de posts da sua autoria.

quarta-feira, setembro 28, 2005

NÃO SEI!

Também nunca sei.
Mas vejo, respiro, tenho um corpo, pouca coisa, coisas humildes.
Mas sei que são suficientes para ir à descoberta de outros horizontes.
Sejam eles entrevistos ou somente imaginados.

Obrigado, Caiacaina!

sábado, setembro 24, 2005

Da Meditação

Há muitos tipos de meditação e infinitos temas de meditação.
Cada pessoa deve procurar e experimentar até encontrar os que mais se adequam às suas necessidades e objectivos de vida.
Digo "os" porque é opinião do Dalai Lama (que eu perfilho inteiramente) que devemos variar de tipos e de temas. Para mim isso significa não só manter vivos a atenção e o interesse, como também obter benefícios de diversas fontes e não ficar com uma mente unilateral e rígida.


No âmbito da meditação, quero aqui expressar o meu mais profundo agradecimento às seguintes pessoas:

- ao Dalai Lama que me ensinou o tipo de meditação que mais, e mais duradouros, resultados me traz;

- ao Dr. Sonny Joseph que não só milagrosamente me ajudou a remover os meus obstáculos físicos a um trabalho compensador com a mente, como me ensinou uma meditação de duração média - curta ("O Poder Cósmico da Respiração", Pergaminho), que é muito simples, boa e eficiente;

- a Paramananda, "Change Your Mind", que me ensinou três meditações, de duração mais longa, e que têm tido um efeito verdadeiramente extraordinário sobre mim;

- a Thich Nhat Hanh, "Harmonia A Cada Passo", que me ensinou uma meditação simples e linda, de curta duração, que é absolutamente arrebatadora.

Estes são os meus Mestres. Em relação a eles (como aliás a muitas outras pessoas) tenho um dívida de gratidão que nunca ficará inteiramente paga.

quarta-feira, setembro 21, 2005

A falta de disponibilidade.
Tempo para visitar alguns amigos e dizer-lhes olá.
Tempo para um pequeno reconhecimento pelas suas visitas aqui.

E tempo para um desafio, cuja notícia vi n'A Barca de Lyra aqui. O desafio está no blog Respirar o Mesmo Ar, aqui:

palavras-silêncio

Eu já lá fui escrever as minhas.

domingo, setembro 18, 2005

Olho à minha frente os livros que trouxe para aqui: os não lidos e uns poucos já lidos de que não consigo separar-me. Quais são estes?

Vergílio Ferreira: Na Tua Face (para mim o mais belo), Conta-Corrente 5 (porque é aqui que está o autêntico aceno que me dirige) e Cântico Final (o livro que esteve na origem daquele aceno).

A Voz Secreta Das Mulheres Afegãs ("O meu amante prefere os olhos cor do céu: / Não sei como mudar os meus, cor da noite.")

Erri De Luca: Três Cavalos ("...e vou-lhe perguntando se não a incomoda a diferença de idades entre nós. Pelo contrário, devia ser maior, diz, trazes-me ao corpo a infância quando abraçava os grandes pela alegria de abraçar."), Montedidio e Tufo.

Arno Gruen: A Loucura da Normalidade ("uma pessoa luta, já a partir de uma infância remota, contra a sujeição a uma realidade que faz troça do seu desejo de amor verdadeiro."), A Traição do Eu e Falsos Deuses.

O Bhagavad-Gita Como Ele É: dádiva preciosa de uma amiga ("Uma pessoa que não se perturba com o incessante fluxo de desejos (...) é a única que pode alcançar a paz, e não o homem que luta para satisfazer tais desejos.").

José Gil: Portugal Hoje, O Medo de Existir ("O medo do vazio impede o nosso lado bárbaro de se ligar ao cosmos (com excepções geniais: Fernando Pessoa, Herberto Helder)").
Na praia havia pouca gente: alguns pescadores e apanhadores de amêijoas, duas campistas com as mochilas às costas e alguns homens a passear ou a correr.
Ao andar ao longo da beira-mar aproximo-me de um homem pelas costas, e surpreendo-me ao ouvi-lo a assobiar vigorosamente, apenas com uma interrupção para nos saudarmos. Quando voltei para trás e me cruzei com ele outra vez, ainda estava a assobiar enquanto caminhava decidido.
Há quanto tempo eu não ouvia alguém, enquanto passeia, a assobiar músicas! Que pena, porque é que hoje em dia ninguém assobia (vem nos livros mais antigos: assobiar, assim como cantar, eram hábitos comuns das pessoas)? Hoje de manhã aquele assobio cortava o ruído das ondas com uma alegria que agora, passadas algumas horas, me parece estar ainda a ouvi-lo!
Hoje, quando acordei era ainda noite. E, juro-vos, estava uma lua inacreditavelmente cheia e linda a descer sobre o mar. Comi pão e maçãs, peguei na minha bicicleta e fui para a praia assistir ao "pôr da lua" no mar (ao lado de um navio que, no horizonte, se afastava iluminado) e ao aparecimento do sol por detrás das falésias. Estava maré baixa, pelo que andei com a bicicleta mesmo à beira-mar, onde também me pude surpreender com as diferentes tonalidades de rosa provocadas nas ondas pelo sol nascente.
Gosto de mudar de casa. Mais: se pudesse, de ano para ano gostava de mudar não apenas de casa como de país. (Por isso é que gosto do campismo com tenda: a leveza e a liberdade) Só não digo mudar de trabalho porque, tirando ser professor, no resto creio que seria (para mim) demasiado incompetente.
Mudei de casa. Vim para a Costa da Caparica. Da minha casa vejo um céu imenso, tornado esmagador quando correm por ele as nuvens. Vejo o mar, a foz do Tejo e a outra costa, de Cascais a Lisboa. E o sol, jorros infindos de luz. Uma paisagem fabulosa.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Qual é a mais bela história de amor do mundo?

Aragon dizia que era "Djamília" de Tchinguiz Aitmatov.
Eu não tenho dúvidas: "Uma história de amor" de Ray Bradbury, incluída no livro de contos "Muito Depois da Meia-Noite" (2 vols., nos. 331 e 332 da Colecção Argonauta, Livros do Brasil). Não há hipótese de sequer dar uma ideia da história, só lendo-a mesmo.
E para vocês qual é?

domingo, setembro 11, 2005

Não gosto de mim.
No fundo de tudo, por detrás de tudo, para além de tudo, há este desgosto indelével por mim próprio.
Não se consegue obrigar ninguém a gostar de quem quer que seja.
Todavia, posso desejar-me bem: que seja feliz, que fique livre da dor e da doença, que me realize na vida e não ao lado dela, ...
Conseguirei então fazer escolhas mais autênticas e abertas de possíveis.

sábado, setembro 10, 2005

Adeus...

Lutar por um amor que se evapora, que se esvai como a maré que baixa, é apenas conseguir um adiamento para o que já se tornou inevitável.

À que me deixa direi sempre:
"Look in my face; my name is Might-have-been;
I am also call’d No-more, Too-late, Farewell;
(...)
"
Dante Gabriel Rossetti

sexta-feira, setembro 09, 2005

Olá, hoje estou com uma gripe terrível de verão (ou de um verão terrível?). Não me peçam coerência nem pensamentos elevados. Vou escrever ao sabor desta lassidão que tomou conta do meu corpo e do meu espírito.



Apetece-me dizer obrigado a todos os que têm vindo ao meu blog e cá têm deixado um testemunho doce da sua passagem.
Ainda a todos os que se esforçam por construir nos seus blogs coisas tão perfeitas... e tornam tão difícil a gente dizer como são quase insuportavelmente perfeitas: falo de textos belos, ou informativos ou ainda divertidos; falo das fotos e, agora, também dos desenhos.
Também a todos os que ainda, mesmo assim, conseguem arranjar tempo para responder aos comentários com que eu e tantos outros vamos salpicando os seus blogs.
E no meio destes agradecimentos todos não pode ficar de fora quem me proporcionou o computador com que escrevo estas palavras e leio as dos outros, ou a casa onde vivo: à minha irmã e ao meu cunhado, muito obrigado!



Bolas, estou a embebedar-me de gratidão!
Quase só agradeci aos que me envolveram e envolvem nesta aventura bonita da blogosfera.
Mas, pensando bem, vocês já imaginaram a quantidade de gente a quem nós tantas coisas devemos?
Aos que nos sorriem ou arranjam um tempinho para nos ouvir, aos que dizem "estou aqui" quando nós já sentimos que não somos de lado algum, que se preocupam connosco quando estamos doentes, que nos oferecem um jantar quando até já esquecemos a que é que sabe a comida quente, na verdade tanta coisa, tanta coisa que me limito a sorrir no silêncio.



Reparo agora, estou a agradecer a mulheres na sua esmagadora maioria.
Sou homem, mas os meus pares estão maioritariamente entre as mulheres.
Toda a minha vida sonhei, aprendi e magoei-me com elas. Elas têm sido o mar no horizonte dos meus rios, a última praia sempre imaginada.



E como conseguir agradecer a tanta gente?
Como agradecer aos que estão excessivamente longe de nós (a quem fez estas confortáveis sandálias que calço neste momento, ou a roupa que me aconchega, ou o chapéu de chuva, ou a canção que ouço, ou os livros, esses longos e pacientes companheiros).
Ou ainda como agradecer às coisas que ninguém em especial fez? Por exemplo: o sol a nascer no infinito canto dos pássaros; a primeira chuva a fazer-nos esquecer o pó quente do fim do verão; o cheiro suave das árvores e da relva quando abrimos a janela.
Sim, como agradecer tudo isto?



Não sei se vocês têm ideias para responder. Eu tenho uma:
Quando sou beneficiado com qualquer destas coisas sei que posso tornar-me num elo daquilo que pode ser uma cadeia. Para isso, procuro não interromper essa cadeia, procuro fazer o mesmo ou algo de diferente mas igualmente bom a outros.
Excepto, confesso-o com tristeza, quando me sinto infeliz.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Blogauto-reflexão

Não gosto de mentir, mas gosto, aqui na net, de andar a brincar com a verdade, claro sem nunca a revelar completamente (o que, aliás, seria impossível).

Falo de mim e da minha realidade, procuro trazer para aqui aquilo que em mim penso ser comum a muita gente e que me causa um tipo qualquer de perplexidade. Gostava de o conseguir fazer de forma auto-irónica ou, pelo menos, a sorrir.

O modelo que admiro é o do (atenção: impossível fazer comparações, estou muito, muito longe do seu talento) Pedro Mexia, tanto no livro como no blog (infelizmente já encerrado), ambos com o mesmo nome: Fora do Mundo.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Quanto mais me bates...

"Quando lhes dou para trás, mais eles vêm mansos comer-me à mão!", ouvi eu numa conversa sobre as relações amorosas.

Eu digo/questiono: Porque é que num casal o que maltrata (portanto, o que menos ama ou que ama pior) é o mais bem amado em vez de ser simplesmente deixado? Conheço muitos exemplos disto.

Ou posto doutra maneira: Porque é que sermos bons e afectivos(as) para uma mulher ou para um homem é a forma mais segura e rápida de ela ou ele nos deixar de amar?


[Depois de lidos um post da MaDi no Let Me Know Why e dos respectivos comentários, outro da Lilly Rose no Antes que me deite ; e de mais algumas coisas...]

sábado, setembro 03, 2005

Pornografia

Volumes de produção e de vendas fabulosos. Que necessidade profunda e extensa é preenchida pelo visionamento de filmes e fotos porno?
A mim atraem-me imenso. Quando me sinto só.
Compreendi desde o princípio, embora obscuramente, o Robert de Niro, no "Taxi Driver", a ver filmes pornográficos. Depois percebi porquê.
Porque o porno mata o desejo. Oh, claro que excita, claro que o corpo reaje! Mas não é disso que eu estou a falar.
Falo daquele desejo, sexual, sim, pela mulher concreta e ao mesmo tempo idealizada, mas que é um apelo a uma fonte primordial, que anseia pelo indizível, por algo de anterior e para além de mim próprio.
É esse desejo, particularmente doloroso na solidão mais absoluta, a do amante rejeitado, que o porno mata.
Como o vinho para um alcoólico, o porno seduz-me. Eu fujo dele.

"Antes que me deite"

Gostaria de ter palavras para prender nas minhas mãos, por um momento, a beleza deste blog, Antes que me deite. Para poder andar com ela na rua a mostrá-la aos amigos, aos conhecidos e desconhecidos. Aqui fica a intenção.