"O facto de que alguns tiveram de atravessar um período difícil de ajustamento não é, portanto, uma escolha que lhes foi imposta. É uma consequência das suas decisões passadas." (Mario Draghi, Público, 19/03/2015, p.8)
Supor que Mario Draghi acredita no que está a dizer é insultar a sua inteligência.
É claro que ele sabe perfeitamente que as pessoas, que tomaram aquelas decisões a que ele se refere, pertencem a uma elite que não só não sofre "ajustamento" nenhum, como ainda por cima está a ser premiada por essas decisões. Em Portugal, veja-se o que aconteceu a António Guterres, Santana Lopes, Paulo Portas, Durão Barroso, Cavaco Silva, etc, etc (note-se que Sócrates está onde está não por aquelas decisões).
Quem é "ajustado" é quem não foi visto nem achado relativamente aquelas decisões, o povo, os que não pertencem a nenhuma elite, o elo mais fraco. Nem sequer pelo voto, pois sabemos que os Governos das últimas legislaturas têm sido eleitos com base num programa eleitoral que eles publica e explicitamente renegaram mal ascenderam ao governo. E, que eu saiba, nunca a população portuguesa votou no Ricardo Salgado, no Oliveira e Costa e tantos outros banqueiros e grandes empresários, eles sim, juntamente com aqueles governos, responsáveis por toda esta situação.