sexta-feira, janeiro 05, 2018

"Nova lei do financiamento dos partidos" e a técnica "porta na cara"


A técnica de rejeição seguida de recuo (ou técnica “porta na cara”) é uma manipulação que consiste em o manipulador fazer um primeiro pedido exagerado e absurdo que irá, sem dúvida, ser criticado e rejeitado.

Passado algum tempo, ele finge que refaz a proposta e apresenta um novo pedido que, por comparação com o anterior, parece resultar de várias concessões que ele fez. “Parece” apenas, porque este último pedido é o que ele desde sempre pretendeu ver realmente satisfeito.

Face a essas aparentes concessões por parte do manipulador, esse pedido encontrará do outro lado o impulso inconsciente de retribuir também com concessões, sendo agora facilmente aceite sem críticas de maior.

E o manipulador acaba por conseguir obter o que sempre quis desde o início.

Os deputados não são parvos (embora possam querer que nós pensemos isso deles). Eles sabiam perfeitamente que a sua proposta de nova lei de financiamento dos partidos era ultrajante. Na minha opinião, ao votarem a nova lei de financiamento dos partidos, eles limitaram-se a usar conscientemente a primeira parte da técnica “porta na cara” descrita acima. E o Presidente da República vetou-a.


Adenda

José Ribeiro e Castro tem um artigo muito informativo e esclarecedor sobre a vida legislativa da Assembleia da República que vale a pena ser lido:

As leis do quarto escuro