quinta-feira, setembro 30, 2004

O Mal confortável

É cómodo eu acreditar na existência do Mal: assim, quando sou malvado, não sou eu, é outra coisa, algo de demoníaco, que toma conta de mim. E adeus responsabilidade!
Querias!!!

quarta-feira, setembro 29, 2004

Memória

O Outono é o Verão a refrescar-se nas águas do tempo.

Até onde seremos levados por este olhar?

Quando me queixo da incompreensão por parte dos outros, do que estou realmente a queixar-me é de eles não se aperceberem do que eu desejo ser (e que, provavelmente, não sou).

Então vamos jogar um jogo? Vou ver em ti o que tu mais gostares de ser. Desejas ser bela? Ver-te-ei bela até ao impossível. Desejas ser importante? Serás para mim a mais importante das importantes. Desejas ser amada?...

Em que águas estamos prestes a mergulhar?

segunda-feira, setembro 27, 2004

Crenças e descrenças (II)

Se Deus existe é um Deus que não ama.
A existir, aposto mais num Deus que se ri.
De todos nós.
"Dá Deus o frio conforme a roupa, mas mais a quem tem pouca."

Eu e as mulheres

Nunca consigo perceber as mulheres por quem não estou apaixonado.
E quando estou, paraliso mentalmente emudecido.
Em ambos os casos acabo como começo: burro, obviamente!

domingo, setembro 26, 2004

Sexo, ou talvez não

"(...)gosto do sexo, sempre gostei. Mas o sexo desgosta-me, (...)"

(Nem Só Mas Também, Augusto Abelaira)

Crenças e descrenças

Deus e o Diabo estão cada vez mais por fora das minhas cogitações.
Mas se eu tivesse que os pôr em algum lado, a Deus oferecia-lhe o poço das esperanças não cumpridas, ao Diabo a fossa dos desejos satisfeitos. E ia à minha vida.

Corridas

"Fui à corrida na Ponte Vasco da Gama para ter a oportunidade, também eu, de me atirar da dita. Depois pensei: e se sobrevivo? Mais ridículo ainda: e se depois de dar estrilho não me atiro? Não me atirei. Arrastei-me furiosamente até à meta."

sábado, setembro 25, 2004

A conquista da felicidade

No amor (em tudo?) sou como Cristovão Colombo. Mas sem a América.

A vulgaridade

Procuro sempre não ser grosseiro. Aterroriza-me que a minha grosseria torne plausível a grosseria dos outros.

quinta-feira, setembro 23, 2004

Amor e feridas (II)

"Se tomo a iniciativa de, ou simplesmente aceito, encontrar-me com ele, mostro que quero vê-lo. É melhor deixá-lo na incerteza. Melhor porquê? Porque já uma vez o mostrei ao Ser Mais Amado de Todos e Ele magoou-me mais do que deveria ser permitido a alguém magoar e agora, em todos os homens, vejo Aquele que há-de sofrer infinitamente pela dor também infinita que ainda hoje Ele me inflige?"

Sou eu?

Representamos sempre?
E representamos um papel sempre diferente do nosso, isto é, não nos permitimos ser o que somos? Ou: não temos a coragem de sermos o que somos? Ou: não sabemos sequer o que somos?
Talvez, talvez, talvez e sim.
Porque a morte habita, nem que seja como um fantasma, o coração do nosso coração? (A morte aqui significa tudo aquilo que nos é visceralmente impossível amar, ou seja, nós próprios?) E, portanto, ser o quê?

Desengraçados de todo o mundo, uni-vos!

A todos os que, como eu, se acham feios, azarentos ao amor, desprovidos de hipóteses junto das mulheres bonitas e com uma vida sexual que não levamos a mal nos outros. E que, além disso, sentem prazer a enfrentar ideias estimulantes, eu digo-vos:
É realmente obrigatória a aquisição e a leitura do livro "Fora do Mundo - Textos da Blogosfera" de Pedro Mexia (Ed. Cotovia, 2004)

quarta-feira, setembro 22, 2004

Amor e feridas (I)

O amor é mais fonte de sofrimento que outra coisa, não pela quantidade de fracassos, mas pela absoluta devastação que cada um deles arrasta consigo. Porquê?
Porque o amor é caprichoso e, portanto, cruel? Sim, está bem, mas porquê?
Porque somos, seremos sempre amadores "amadores", isto é, nunca aprendemos a amar por mais amor que recebamos ou não?

I´m back!

Caros amigos e outras que mais
Volto primeiro que tudo para anunciar um álbum de originais do Leonard Cohen, esse sedutor intemporal que volta para assombrar as nossas noites com sonhos de amores que vivem da ilusão do possível. A sair em Outubro, parece.
Enquanto esperam, oiçam e leiam "Dance Me To The End of Love", e dancem, dancem...

Hino aos Amigos

Do Livro de Job, 19:21
"Compadecei-vos de mim, compadecei-vos de mim, ao menos vós, que sois meus amigos, porque a mão de Deus feriu-me."
Mesmo sabendo que Job não teve amigos à altura (não é o meu caso, eu é que não estou à altura deles), não vos comove que, num livro de revelações divinas, a última, realmente a derradeira esperança de alguém é depositada não em Deus mas nos amigos?
Chamo a atenção para este Livro que tem fartos motivos (não só este que vos refiro, mas desafio-vos a descobrirem) para ser expurgado da Bíblia. Para além de ser um apelo contra a mais alta e injusta solidão ("Grito contra a violência e ninguém me responde, (...)", 19:7).