sexta-feira, maio 13, 2011

Portugal e A República, de Platão

O Problema:

"A média do crescimento económico é, em Portugal, a pior dos últimos 90 anos.
A dívida pública é a maior dos últimos 160 anos.
A dívida externa é, no mínimo, a maior dos últimos 120 anos (desde que o país declarou uma bancarrota parcial em 1892).
O desemprego é o maior dos últimos 80 anos.
Voltámos à divergência económica com a Europa, após décadas de convergência.
Vivemos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos.
E temos a taxa de poupança mais baixa dos últimos 50 anos."

(Álvaro dos Santos Pereira, Portugal na Hora da Verdade, citado no Público, 6 de Maio de 2011, p. 43)


A Solução:

"(...) Mas a verdade é esta: na cidade em que os que têm de governar são os menos empenhados em ter o comando, essa mesma é forçoso que seja a melhor e mais pacificamente administrada, e naquela em que os que detêm o poder fazem o inverso, sucederá o contrário.
(...) Se, porém, os mendigos e os esfomeados de bens pessoais entram nos negócios públicos, pensando que é daí que devem arrebatar o seu benefício, não é possível que seja bem administrado [o Estado]. Efectivamente, gera-se a disputa pelo poder, e uma guerra dessas, doméstica e interna, deita-os a perder, a eles e ao resto da cidade."


(Platão, A República, Fundação Calouste Gulbenkian, 520d e 521a )



A minha (modesta) posição:


A ideia de que são as remunerações elevadas que atraem bons profissionais (isto aplicado, claro!, apenas aos lugares reservados às elites, porque para o trabalhador comum esta tese já não encontra defensores) sempre me pareceu completamente despropositada! Salários elevados e poder desmedido só servem para atrair tubarões e vampiros.
E verifica-se que pessoas de bem, com vontade de ir para a administração pública para cuidar verdadeiramente do bem público, jamais estarão dispostos a conviver com tubarões e vampiros e a submeter-se às suas leis impostas pela força bruta.
Portanto, eu começaria por acabar com os salários elevados. Para parar de atrair tantos predadores. Para conseguir começar a trazer para a causa pública os preocupados em realizar o bem comum; que, na medida do possível, seriam mais honestos, verdadeiros e competentes para o conseguir.

Nota: este post desapareceu  do blog quando, inclusivamente, já tinha um comentário; voltei a publicá-lo e copiei o comentário.

3 comentários:

Gi disse...

Rui, não são só as remunerações dos cargos mas a previsão daquilo que poderão obter quando os deixarem - os chamados tachos.
Embora às vezes os vejamos tão colados aos cargos que parece que não acreditam que haja depois tachos para eles.

Anónimo disse...

Gi

Rui, não são só as remunerações dos cargos mas a previsão daquilo que poderão obter quando os deixarem - os chamados tachos.
Embora às vezes os vejamos tão colados aos cargos que parece que não acreditam que haja depois tachos para eles.

Rui Diniz Monteiro disse...

É verdade, Gi, no que respeita aos cargos políticos: há favores que serão sempre pagos (veja-se o ferreira do amaral e o prémio que teve da Lusoponte); e, contra isso, parece-me que pouco há que se possa fazer. Mas, pelo menos, enquanto cá andam, não sugam o nosso dinheiro com salários milionários.

Porém, relativamente aos gestores públicos, a conversa é outra. Um que seja incompetente no sector público, duvido que venha a ser convidado para o privado. Pode haver casos, mas serão raros.