Entre as várias diferenças estão: Se na escola privada o professor dá sinais de não perceber muito bem o que anda ali a fazer é convidado a sair, na pública é convidado a ficar. No público os professores aproveitam os artigos todos. No privado não há artigos há trabalho.
O público só não copia os bons exemplos porque não quer ...
Também não é pelo número de alunos que as privadas funcionam melhor ... veja-se o Colégio de Vilamoura com 800 alunos e é um exemplo nacional ... às portas de Loulé... até promovo uma visita guiada com as direcções das escolas públicas que quiserem ... não sei se há quem queira claro!
Caro senhor, aproveito este espaço para lhe dizer com todo o respeito:
O senhor está enganado, terrivelmente enganado. Provavelmente, é vítima da propaganda que quer acabar com a escola pública.
O senhor vem falar de como cuidar de um campo de flores e eu
vou falar-lhe de professores num quase teatro de guerra cuja tarefa primordial é sobreviver e tentar salvar da barbárie o maior número possível de crianças e jovens.
Na verdade, a ignorância que o senhor revela ao falar dos professores da escola pública é
tão desproporcionada que não me posso calar. E explico-lhe porquê.
Primeiro, porque se os seus filhos e a sua família ainda
conseguem andar nas ruas em relativa segurança é porque a escola pública e os seus docentes e funcionários recebem
e tentam também educar reais e potenciais delinquentes.
Segundo, porque o senhor não sabe o que é ter o seu carro incendiado; não sabe o que é ser insultado e ameaçado
diariamente, física e psiquicamente; não sabe o que é chegar a levar uns
valentes pontapés e bofetadas; não sabe o que é ter alunos seus (que
podiam ser os seus filhos) a serem enviados para o hospital, uns em coma,
outros nem tanto, perante a impotência dos professores; não sabe o que é chamar em desespero
a polícia e esta não poder vir porque está ocupada noutras escolas
com acontecimentos similares. Que fique registado que isto é apenas uma pequena amostra de acontecimentos que foram testemunhados por mim.
E já agora, deixe-me que lhe diga que o senhor também não sabe, não
pode saber, o que é sentir o orgulho de ter alunos com Necessidades Educativas
Especiais em quase todas as turmas, miúdos e miúdas, muitos dos quais são expulsos
ou cuja entrada é recusada por escolas privadas. Sim, repito, por escolas privadas.
Apesar de eu ter conseguido sair desse inferno (sem nada nas mãos e
tendo que começar toda uma nova vida), nunca deixarei de estar ao lado dessas
centenas e milhares de professores (na verdade, professoras na sua maioria), a fazerem diariamente das tripas coração e
a trabalharem nestas martirizadas escolas públicas, sabendo esses professores que jamais obterão
da sociedade o reconhecimento, e muito menos a gratidão, que merecem.
Tendo, ainda por cima, de ouvir
pessoas, como o senhor, que estão convencidas de que sabem tudo e que na verdade pouco ou nada
sabem do que criticam.
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