A vida. Tão pouco e tão tanto. (...) E todavia eu sei que "isto" nasceu para o silêncio sem fim... (Vergílio Ferreira)
domingo, janeiro 27, 2013
O ocaso do trabalho humano
Desde sempre, até a mais humilhada das pessoas sabia que a sua existência tinha valor económico porque possuía três características que lhe garantiam um lugar no meio dos seus semelhantes, mesmo que esse lugar fosse o mais pobre de entre os pobres: a capacidade de trabalhar, a capacidade de aprender e a capacidade de prover à sua subsistência.
Hoje em dia, e pela primeira vez na história, isso desapareceu.
A tecnologia de hoje, e de um futuro cada vez mais próximo, já consegue fornecer substitutos bem mais equipados, mais incansáveis, mais exactos, mais cumpridores, em suma, mais capazes: os computadores, a automação, a inteligência artificial. Por outras palavras, os robots.
A ideia de que eles seriam incapazes de realizar e de aprender tarefas mais exigentes cognitivamente pertence, literalmente, ao século passado.
Cada vez mais nos deparamos, no nosso dia a dia, com a ausência de seres humanos em locais de trabalho. Seja desde a atender uma chamada que façamos, ou a fabricar um carro, o factor humano no trabalho está a desaparecer porque obsoleto. Trazendo, claro, gigantescos lucros para os possuidores desses meios tecnológicos; e uma desesperada pobreza para a grande maioria dos que os não possuem.
Haverá sempre necessidade de humanos para desempenhar algumas tarefas a troco de um salário: não somos como os cavalos ou os bois que foram substituídos pelos carros e pelos tractores. Mas a maior parte do trabalho irá sem dúvida ser desempenhado por máquinas. A verdade assustadora é que os seres humanos, na sua maioria, estão a tornar-se supérfluos.
O problema é o facto de a riqueza produzida ficar concentrada nas mãos dos grandes proprietários e não ser distribuída mais equitativamente.
Evidentemente que existe a possibilidade de a tecnologia poder vir a promover a criação de mais trabalho. Só que essa não é a tendência a que se assiste.
Assim, para mim, apenas consigo imaginar como solução um Estado protector que possa garantir que todos tenham acesso à propriedade tecnológica (e não ficar só nas mãos de alguns). E também a garantir algum capital a todos que permita a criação de pequenos negócios (com a possibilidade de recurso a robots também, embora mais simples).
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