quarta-feira, junho 23, 2004

A "palmada pedagógica"

Tu achas que a "palmada pedagógica" dada a uma pessoa a quem se convencionou chamar criança (a um adulto não, a ti nunca, que horror!) se justifica em certos casos e não lhe faz mal nenhum.
Das duas uma:
ou tu assumes que esta posição serve apenas para não te sentires culpada de, num momento em que perdes o controlo, dares a tal palmada dita pedagógica... e sobre a fundamentação ética desta tua posição estamos conversados;
ou acreditas honestamente no princípio subjacente à palmada e tens então, coerentemente, de defender que quem a aplica ao teu filho pode ser qualquer adulto (o merceeiro do bairro, o polícia da esquina, a professora da escola, etc).
Isto porque, segundo tu dizes, a tua defesa da palmada vem duma necessidade do teu filho (por exemplo, uma necessidade de segurança pessoal dele) que só pode ser resolvida e satisfeita com essa tal palmada, o que torna portanto irrelevante quem a dá.
Estás disposta a defender activamente que qualquer adulto possa bater no teu filho – uma palmada pedagógica, claro, seja o que for que isto queira dizer em termos concretos?
Se não estás, peço-te: pensa tudo outra vez desde o princípio.

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