sábado, maio 24, 2008

Sem Destino, Imre Kertész

Abre hoje a Feira do Livro de Lisboa.

Se não há dinheiro ou tempo para mais nada, pelo menos este livro:


Não vou dizer porquê, ponho aqui apenas uma nota sobre esta obra:

Um rapaz conta a sua vida de judeu húngaro em pleno nazismo.
Ele aceita tudo o que lhe acontece, procurando explicar e comprender as atitudes e comportamentos dos verdugos, alemães ou não.
Busca cumprir com o que lhe vão impondo como sendo as suas obrigações.
A dada altura percebemos que o ser humano, que nos fala e que nos vai descrevendo a sua história de boa vontade e de conformismo, está vivo mas transformou-se literalmente num moribundo.

Volto para enfatizar este ponto:
O rapaz vai arranjando sempre uma explicação razoável para o que lhe está a ser feito.
Quando a não consegue encontrar, pensa sempre que podia ser pior e conforma-se.
Vê bondade e boas intenções nas expressões mesmo dos que o tratam como se ele fosse uma coisa ou um animal.
Aquilo que o humilha, mesmo assim, ele reduz considerando que são ninharias com que será ridículo perder tempo.
Ninharias ou não, ele vai sempre aceitando tudo quanto os algozes lhe dizem que são coisas necessárias...
...E, destes diferentes modos, ele vai convertendo o intolerável em, não só aceitável, como mesmo defensável.

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