A vida. Tão pouco e tão tanto. (...) E todavia eu sei que "isto" nasceu para o silêncio sem fim... (Vergílio Ferreira)
sábado, junho 28, 2008
House Of The Rising Sun
Geordie:
Brian Johnson (lead vocals) - Antes de ir para os AC / DC
Vic Malcolm (lead guitar)
Tom Hill (bass guitar)
Brian Gibson (drums)
domingo, junho 15, 2008
Onde estou e para onde me mobilizo
Morte de Deus, reversão aos nossos estritos limites, encontro connosco mediante a presença de nós a nós e à vida, mediante a revivificação do que nos é original pela apreensão do que nos é original, a reabsorção ou transcendência à originalidade do que se esterilizou em secura (...)
(Vergílio Ferreira, Da Fenomenologia a Sartre)
(Vergílio Ferreira, Da Fenomenologia a Sartre)
terça-feira, junho 10, 2008
Ainda Lawrence Durrell e "Clea"
"(...) e depois a Primavera apressou-se a ceder a este magnífico e último Verão, que chegou aos poucos, como se viesse de alguma latitude longamente esquecida que o Éden tivesse durante muito tempo desfrutado em sonho e maravilhosamente descoberto mais tarde entre os pensamentos dormentes da humanidade. Fundeou entre nós uma nave maravilhosa que lançou ferro diante da cidade e colheu as velas brancas como as asas de uma gaivota. Ah, procuro as metáforas capazes de evocar a felicidade penetrante raramente concedida àqueles que amam; (...)" (241)
(...) Lastimável não ser possível capturar a brilhante plumagem desse Verão, pois na velhice não teremos senão estas parcas recordações para alimentar a nossa nostálgica felicidade. Será a memória capaz de reter os quadros destes dias incomparáveis? Duvido... Na sombra lilás e espessa das velas brancas, debaixo dos sombrios cachos de figos, ao meio-dia, nas rotas lendárias dos desertos, onde progridem as caravanas de especiarias e onde as dunas afiladas sobem aos céus para captar, no seu sono deslumbrado, o palpitar das asas das gaivotas que passam como flocos de espuma? Ou as chicotadas geladas das vagas nos pontões desmantelados das ilhas esquecidas? E o sereno que tomba sobre os portos desertos, onde as velhas balizas árabes apontam os dedos enferrujados? A soma destas coisas há-de certamente subsistir algures. Contudo, ainda não assombraram a memória. Os dias sucediam-se no calendário do desejo, e as noites voltavam-se docemente no sono para repelir as trevas, inundando-nos de novo com a luminosidade real do Sol. Tudo conspirava para esta harmonia serena." (242)
"(...) as vinhas amadurecem docemente para testemunhar que, muito depois de os homens terem cessado de brincar com os instrumentos de morte por meio dos quais exprimem o seu medo de viver, os antigos deuses sombrios continuarão ali, debaixo da terra, ocultos no húmus... Estão indelevelmente enraizados no sonho dos homens. Jamais capitularão!" (301)
No Quarteto de Alexandria, para além da profunda miscigenação entre as paisagens (quentes e insuportavelmente luminosas, mesmo quando nocturnas) e os seres, existe uma permanente preocupação de não cair na vulgaridade, de não apresentar nunca personagens vulgares: eis por onde surge a minha adesão total a esta obra.
(...) Lastimável não ser possível capturar a brilhante plumagem desse Verão, pois na velhice não teremos senão estas parcas recordações para alimentar a nossa nostálgica felicidade. Será a memória capaz de reter os quadros destes dias incomparáveis? Duvido... Na sombra lilás e espessa das velas brancas, debaixo dos sombrios cachos de figos, ao meio-dia, nas rotas lendárias dos desertos, onde progridem as caravanas de especiarias e onde as dunas afiladas sobem aos céus para captar, no seu sono deslumbrado, o palpitar das asas das gaivotas que passam como flocos de espuma? Ou as chicotadas geladas das vagas nos pontões desmantelados das ilhas esquecidas? E o sereno que tomba sobre os portos desertos, onde as velhas balizas árabes apontam os dedos enferrujados? A soma destas coisas há-de certamente subsistir algures. Contudo, ainda não assombraram a memória. Os dias sucediam-se no calendário do desejo, e as noites voltavam-se docemente no sono para repelir as trevas, inundando-nos de novo com a luminosidade real do Sol. Tudo conspirava para esta harmonia serena." (242)
"(...) as vinhas amadurecem docemente para testemunhar que, muito depois de os homens terem cessado de brincar com os instrumentos de morte por meio dos quais exprimem o seu medo de viver, os antigos deuses sombrios continuarão ali, debaixo da terra, ocultos no húmus... Estão indelevelmente enraizados no sonho dos homens. Jamais capitularão!" (301)
No Quarteto de Alexandria, para além da profunda miscigenação entre as paisagens (quentes e insuportavelmente luminosas, mesmo quando nocturnas) e os seres, existe uma permanente preocupação de não cair na vulgaridade, de não apresentar nunca personagens vulgares: eis por onde surge a minha adesão total a esta obra.
sábado, junho 07, 2008
Lawrence Durrell
A acabar de reler o Quarteto de Alexandria: Justine, Baltasar, Mountolive e Clea (que tenho agora entre mãos).
Vêm-me estes livros da distante juventude, do início do Verão para cumprir. É esse sopro ainda que eu respiro ao lê-los.
Embora sem a esperança de então.
"Baltasar dizendo: «Este mundo representa a promessa de uma felicidade única para a qual, contudo, não estamos apetrechados.»"
É disto que o Quarteto trata e que procura resolver. Bem?
Sem resposta, só a que cada um encontrar dentro de si.
Se...
Vêm-me estes livros da distante juventude, do início do Verão para cumprir. É esse sopro ainda que eu respiro ao lê-los.
Embora sem a esperança de então.
"Baltasar dizendo: «Este mundo representa a promessa de uma felicidade única para a qual, contudo, não estamos apetrechados.»"
É disto que o Quarteto trata e que procura resolver. Bem?
Sem resposta, só a que cada um encontrar dentro de si.
Se...
domingo, junho 01, 2008
O ódio
O ódio aos professores
O ódio aos professores não se dirige a mim como pessoa, porque no fundo não me conhecem, nem sabem o que faço ou não.
Como esse ódio não tem relação com aquilo que sou, então tudo é acaso.
Faça eu o que fizer.
O ódio à Ministra da Educação e sicários
Sempre fui contra a diabolização da ministra.
Porque quanto mais se diaboliza a personagem
(e ela não é mais que uma personagem, efémera como todas)
menor é a atenção que se dedica à realidade que ela procura distorcer ou ignorar.
O ódio aos professores não se dirige a mim como pessoa, porque no fundo não me conhecem, nem sabem o que faço ou não.
Como esse ódio não tem relação com aquilo que sou, então tudo é acaso.
Faça eu o que fizer.
O ódio à Ministra da Educação e sicários
Sempre fui contra a diabolização da ministra.
Porque quanto mais se diaboliza a personagem
(e ela não é mais que uma personagem, efémera como todas)
menor é a atenção que se dedica à realidade que ela procura distorcer ou ignorar.
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