Discute-se, com acrimónia e entusiasmo, se há o direito de dizer às funcionárias da loja do cidadão de Faro como é que se devem apresentar vestidas ao público. Fico perplexo.
Na verdade, se elas tivessem de trabalhar mais 2 ou 3 horas por dia, sem receberem horas extraordinárias, prejudicando a sua vida familiar e a educação dos seus filhos, como acontece com tanta gente, bom, isso já não seria assunto com interesse para trazer a uma discussão! No entanto, parece-me razoável pensar que este assunto é amplamente mais importante e com consequências muito mais graves para as pessoas e para a sociedade no seu todo. Ah, mas com isto não temos espectáculo, logo...
"(...) O essencial é invisível aos olhos" (Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho, Cap. XXI)
Esta frase tem hoje em dia um sentido tristemente irónico. Porque aquilo de que valeria mesmo a pena falar e discutir está invisível e, por isso, não se consegue que seja matéria para debate e troca de ideias, permanecendo assim cada vez mais na sua invisibilidade. E, infelizmente, a existir menos que a roupa das funcionárias da loja de Faro!...
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