Que pensem, que discutam, que criem.
Eu e muitos outros (é que não temos tempo, nem contactos, nem inteligência suficientes para o fazer) esperamos que nos dêem ideias de entre as quais possamos escolher aquelas de que nos vamos apropriar para fazermos delas as nossas bandeiras e os nossos ideais por que lutar.
Portanto, a frase mais estéril e traidora da sua responsabilidade que um intelectual pode proferir é: “Não há alternativas.” Porque, ainda por cima, é uma rematada mentira! Existem sempre alternativas!
As consequências de andarem a espalhar esta ideia vêem-se na juventude de hoje: acreditaram nesta vigarice que lhes transmitiram e tornaram-se numa geração de conformistas.
Ora, uma sociedade que não evolui para melhor, como a actual, está doente. Ela só evolui para melhor com a renovação das gerações, a qual deve necessariamente implicar uma renovação de ideais e de lutas. Só assim podemos sacudir este marasmo deprimente e nauseado em que vivemos hoje em dia.
Suspeito que pertenço a uma geração que traiu realmente o futuro: roubou aos jovens a esperança num mundo melhor e a convicção de que vale a pena lutar por ele.
Não vale a pena diabolizar este Governo por ter demonstrado a irrelevância da participação cívica dos cidadãos nas decisões que envolvem toda uma sociedade e o seu futuro. Porque fomos todos nós que lhe conferimos poder e o deixámos abusar dele.
Não podemos esperar, aliás, dos políticos que tragam novas ideias. Eles são executivos, não criativos. O problema é que, quando os políticos não têm ideias, os tiranos saltam para a primeira linha, agarram o poder e abusam dele.
Eis porque precisamos de intelectuais que façam verdadeiramente jus ao seu estatuto.
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