segunda-feira, abril 25, 2011

25 de Abril

(...) Estive numa cela com Noémia Delgado e 17 camponesas, quase todas analfabetas, que lutavam por um horário de trabalho, inconformadas com a jornada de sol a sol.
Assisti ao sofrimento de mulheres sujeitas a espancamentos brutais, que mal podiam erguer-se, mas o caso que mais me impressionou foi o de uma idosa, vestida com uma saia preta furada por balas.
Era a única roupa que possuía para além da mortalha, que os filhos tinham comprado, a custo, julgando que não sobrevivesse a várias perfurações abdominais.
Tinha-a guardada debaixo da cama para quando morresse...
(Luísa Ducla Soares, JL, nº 1027, 10-23 de Fevereiro de 2010)

Recordo a tristeza cinzenta e pesada que permeava todos os nossos dias, a nossa respiração.

Recordo todos os que sofreram a perseguição, a tortura, a morte. Recordo principalmente aqueles que já nem do nome perdura a memória.

Mas sobre tudo e para além de todos, recordo os mais valorosos de entre os puros:

José Afonso



Salgueiro Maia



 O que hoje temos, a todos eles o devemos.
O que não temos, fomos nós que o estragámos, destruímos e deitámos fora...

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