Nunca tinha lido a poesia de Manuel António Pina. Gostei muito deste livro que me foi oferecido por mão amiga. Trata-se de "uma antologia pessoal".
Tendo lido outras coisas do autor (no fundo, sendo um ignorante da sua obra), esperava uma escrita permeada de humor. Descobri uma poesia discreta, sem grandiloquências, humana, digna e sóbria. Inclui, é certo, uns laivos dispersos de ironia (nunca construída à custa de..., mas mais feita com...), e, no entanto, é uma ironia para sempre reflectida sobre um fundo de melancolia.
As ideias e as emoções evocadas pelo autor ao longo destas páginas abrem no nosso espírito atmosferas indefinidas, como se elas flutuassem no limiar da nossa consciência, ficando nós à beira de as compreender e de abarcar, quase como se fossem familiares e, no entanto, estrangeiras.
O autor interroga connosco a estranheza do mundo, da palavra e da criação, não nos deixando ficar de fora... mas o que escreve e partilha connosco é também uma poesia do silêncio, da presença da morte, da reflexão sobre o que é o poema, o poeta e o leitor.
Um livro excepcional.
2 comentários:
Um abraço, desejando bom início de ano lectivo.
Rui, que belo comentário ao livro de M A Pina. Só uma pessoa de extrema sensibilidade poderia escrever assim...
O amigo M.
Caro Méon,
Muito obrigado, ainda bem que gostaste, trata-se de um livro que merece mesmo a nossa leitura.
Um grande abraço.
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