Não consigo entender como é que um sistema de avaliação:
a) baseado na competição pode dar origem a trabalhadores mais preocupados com o serviço público. Como pode um funcionário público, ou um professor, habituado a atender diariamente aos factores que condicionam a sua própria carreira, a tratar do seu próprio benefício em detrimento dos outros, como pode ele, por uma transmutação mágica de personalidade, passar a empenhar as suas forças na execução do bem público, isto é, do bem dos outros?
b) baseado num sistema de recompensas externas (pontos, notas, passagens de escalão, etc) pode criar melhores trabalhadores. Sabe-se que a recompensa externa destrói a motivação interior (Ryan & Deci, 2000), pelo que a sua utilização deve ser sempre evitada. Contra a evidência científica espera-se que, com tal sistema, os funcionários públicos ou os professores se sintam autonomamente motivados para terem um bom desempenho e espírito de entreajuda.
Já começo a entender quando me apercebo que, por detrás de tudo isto, está apenas uma questão de poder, simplesmente uma questão de mais poder para os poderosos. Este sistema, na verdade, apenas promove o funcionário egoísta, nada solidário com os colegas, completamente indiferente ao bem público e, principal e fundamentalmente, obediente e submisso aos seus superiores.
Assim, tudo se torna claro.
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