Aqui, neste lugar estreito, as pessoas acreditam que, para se afirmarem, têm de fazer o deserto à sua volta, isto é, têm de destruir tudo o que os outros fizeram (real ou metaforicamente). Desde o canalizador à investigadora universitária.
No entanto, nenhuma obra nasce do nada, nenhum saber é propriedade exclusiva de um só; na verdade, tudo o que somos e fazemos não o seríamos nem o faríamos sem os outros. É da mais elementar evidência que o mérito de algo que eu consiga fazer não me pertence em exclusivo... mas raríssimos são os que fazem a justiça de o admitir. Terão consciência, ou a suspeita de que a sua obra é medíocre, pelo que só brilhará se diminuirem ou fizerem desaparecer todas as outras?
Atravesso o dia a ouvir dizer mal do que os outros são, do que fazem e do que não fazem: pessoas a escorrer veneno e raiva, pessoas a usar o seu pequeno poder para desagregar e ferir.
País triste e amargo.
3 comentários:
Olá Rui! Venho agradecer a visita ao meu canto e as palavras que deixou!
Vim espreitar e encontrei este post que me diz muito...
Realmente é mais fácil dizer mal que bem, quando pouco se constrói!
Precisamos ter a noção que cada um de nós faz a sua parte e não inventa nada...Recria, altera, modifica...
Portugal é triste, concordo! E lamentamo-nos demais, quando ainda temos algum sossego em termos de segurança.
Mais amor, precisamos de mais amor, é só! É fácil e não custa dinheiro!
Abraço
É um facto que há muitos que parecem alimentar a vida com intrigas e elevações pessoais... mas serão a maioria? Não acredito... A verdade é que temos sempre mais facilidade em realçar o negativo do que o positivo que se faz... E fazêmo-lo connosco próprios muitas vezes, e também com os outros... Parecemos sempre dar mais valor ao que de incorrecto e injusto se faz à nossa volta do que ao que de positivo acontece...
Bom fim-de-semana ;)
Talvez as intrigas, a devastação do trabalho dos outros e em contapartida a elavação do próprio, é apenas o reflexo da insegurança e incerteza que nos acompanha e que talavez nada mais traduz que o pouco ou nada que cada um sabe de si mesmo.
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