... era o título de um livro de Pierre Accoce e Pierre Rentchnick, da década de 70.
(Este post foi-me inspirado por uma crónica de Guilherme Valente saído no Público, de que tomei conhecimento no blog De Rerum Natura, donde tiro parte das citações. E que me fez recordar o título qe escolhi para aqui. A propósio do suicídio do professor Luís e das situações de bullying nas escolas.)
«Temos de nos esforçar para que estas situações possam ser ultrapassadas. Tratam-se de jovens que são na sua generalidade bons alunos e que não podem transportar na sua vida uma situação de culpa que os pode vir a condicionar pela negativa», afirmou José Joaquim Leitão, director regional de educação de Lisboa.
Arno Gruen (A Loucura da Normalidade e a Traição do Eu, ed. Assírio e Alvim) chamava a atenção para esta estranha e malfadada perversão que leva pessoas ditas "normais" e "inteligentes" a porem-se do lado dos agressores, a desculpá-los de tudo e a ter pena deles. E, além disso, a achar que eles é que são vítimas e não os que são torturados por eles.
José Joaquim Leitão disse que «é do conhecimento público» que o docente apresentava uma «fragilidade psicológica já desde há muito tempo».
Portanto, trata-se aqui até de uma completa incapacidade para identificar as verdadeiras vítimas. Mas há mais. De Daniel Sampaio:
«É que há em todas as escolas comportamentos que podem ser considerados violentos, mas que não são bullying. A escola reproduz a sociedade e esta não é serena, por isso são frequentes as piadas, as troças e até um insulto passageiro ou um empurrão, sem que isso seja muito grave.»
Como se vê, estas mesmas pessoas revelam também uma total incapacidade para empatizarem com as vítimas e os desprotegidos, esquecendo-se sempre que estes é que verdadeiramente precisam de defesa, de protecção e de segurança. Ainda Daniel Sampaio:
«Querer uma escola controlada pela polícia em que ninguém possa desobedecer ou contestar as regras, é acabar de vez com esse território de liberdade segura que caracteriza o nosso sistema educativo (…)».
Faltando-lhes a "lata" para defenderem abertamente os agressores, pugnam pela manutenção das condições necessárias para que estes continuem, impunes e à vontade, a maltratar os mais fracos.
É esta gente, profundamente doente, mas que, pelo seu número e pelo seu poder para se fazerem ouvir vezes sem conta, parece normal, é esta gente, repito, que tem ocupado o poder nos últimos anos.
Infelizmente para tantos e tantos miúdos...
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