quinta-feira, agosto 20, 2015

Estado de Sítio, Albert Camus - I

(...) Desde o momento em que tenham comido três refeições, trabalhado oito horas e sustentado as duas mulheres de cada um, imaginam que tudo está na ordem. Não, vocês não estão na ordem, vocês estão na fila. Bem alinhados, de ar tranquilo, vocês estão maduros para a calamidade. Pronto, meus valentes, o aviso está feito, estou em regra com a a minha consciência. Quanto ao resto, não se incomodem, há quem se ocupe de vocês lá em cima. E vocês sabem o que isso dá: os que se ocupam de nós não são complacentes!

Camus, A. (s/d). Estado de Sítio. Lisboa: Livros do Brasil. (p.20)

Com este trecho, começo a passar para aqui as imensas referências à época que estamos a atravessar que podemos encontrar nesta obra. Apesar dela ter sido escrita em 1948, a sua actualidade é dolorosa e agudamente evidente. Poderei por vezes comentar; no entanto isso será raro, dada a evidência habitualmente luminosa do texto.


[(...) Du moment que vous avez fait vos trois repas, travaillé vos huit heures et entretenu vos deux femmes, vous imaginez que tout est dans l'ordre. Non, vous n'êtes pas dans l'ordre, vous êtes dans le rang. Bien alignés, la mine placide, vous voilà mûrs pour la calamité. Allons, braves gens, l'avertissement est donné, je suis en règle avec ma conscience. Pour le reste, ne vous en faites pas, on s'occupe de vous là-haut. Et vous savez ce que ça donne: ils ne sont pas commodes!]

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