quinta-feira, março 04, 2004

Hoje participei involuntariamente num espectáculo político organizado pela Câmara Municipal de Loures e pela esquadra da P.S.P. de Loures. Apareceu o Corpo de Intervenção com os seus cães. Ao observar estes e os agentes, seus "donos", lembrei-me destas palavras de Konrad Lorenz (famoso zoólogo, fundador da moderna etologia e Prémio Nobel em 1973):
"(...) Nietzsche, o qual, ao contrário da maioria das pessoas, usava a brutalidade somente como uma máscara para ocultar a verdadeira generosidade do seu coração, disse estas belas palavras: "Fazei que o vosso objectivo seja amar sempre mais do que o outro, e nunca ficar em segundo." Com os seres humanos, sou por vezes capaz de cumprir este mandamento, mas nas minhas relações com um cão fiel, fico sempre em segundo. (...)
(...) O facto de o meu cão me amar mais do que eu o amo a ele é inegável, e enche-me sempre dum certo sentimento de culpa. O cão está sempre pronto a dar a sua vida pela minha. Se um leão ou um tigre ameaçassem atacar-me, Ali, Bully, Tito, Stasi e todos os outros ter-se-iam, sem um momento de hesitação, lançado numa luta inglória para defender a minha vida, nem que fosse apenas por breves segundos. E eu?"

(LORENZ, Konrad. E o homem encontrou o cão..., Relógio d'Água, Lisboa, 1997 (pp.188-189)

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