Oiço os sons da guerra infinita entre israelitas e palestinianos, uma guerra onde a palavra perdão é praticamente inaudível.
Sei da violência que se abate sobre as crianças em tempos de crise e cujo choro se mantém também inaudível.
Vejo e ouço o riso de todos os crápulas nesse espelho da nossa vileza que é a televisão.
E tanta, tanta gente que morre em sofrimento, seja com fome, seja com Sida, seja com armas, seja com nada e morre, morre sem um grito.
E lembro-me de Paul Celan:
"Se viesse,
se viesse um homem
se viesse um homem ao mundo, hoje, com
a barba de luz dos
patriarcas: só poderia,
se falasse deste
tempo, só
poderia
balbuciar balbuciar
sempre sempre
só só."
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