quinta-feira, junho 15, 2006

Greve

Antes de passar às reflexões que pretendo fazer, que fique claro:

Fiz greve porque quis mostrar que não estou no lado onde a sra. ministra me quer colocar!

E que não estou, nem estarei nunca, ao lado de alguém que não percebe que vencer o adversário do modo como a sra. minstra o procura fazer, isto é, recorrendo à razão do ódio e da força bruta, acaba por gerar uma humilhação tal que torna a sua equívoca vitória tão esquálida e amarga como se fosse uma derrota.



Porque faço quase sempre greve?

Primeiro, sem dúvida nenhuma, porque me sinto mais irmanado com os que lutam do que com os que não lutam - penso que se trata de uma fidelidade do coração.

Segundo, por causa da minha invencível simpatia pelas causas perdidas. Além de que aceito melhor o sabor da derrota com luta, do que sem ela (lembram-se os mais antigos da Palmira Bastos: "... porque as árvores morrem de pé!"?)



O que sinto em relação aos que não fazem greve?

Um medo quase infantil de fazer algo que é sempre objecto de reprovação social (a greve),
uma certa pobreza humilde,
uma fraqueza feminilmente submissa,
um esforço, heróico por vezes, de manter uma postura digna (sabendo no seu íntimo que estão a trair),
são traços que encontro nos que não fazem greve e que, se não os desculpam completamente, fazem com que, pelo menos, eu não os condene!
(para mais que acabo por partilhar com eles alguns destes traços, só que faço a greve)

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