Acabado de reler. O livro de Camus que mais tinha falado à minha sensibilidade na minha juventude. Hoje pergunto-me: foi o livro que me fez, ou fui eu que caminhei sempre a par dele, mesmo que sem consciência disso?
Alguém um dia disse que uma literatura de boas intenções é uma má literatura. Quem leia este livro tentando ser razoável, conclui que é disto que se trata. Quem lê com os olhos do espírito, percebe que há aqui muito mais do que isso. Há a morte, a amizade, a memória, a solidão, ou seja, a vida sempre ameaçada. E há os que lutam porque têm de lutar para que a injustiça não tenha razão, em suma lutam para serem homens.
Gostaria muito de falar deste livro como ele merece, mas não estou de todo à altura dele e, por isso, calo-me. Mas o meu silêncio vem de uma adesão profunda a este homem, Camus, que soube escrever sobre o que é tentar ser verdadeiramente humano.
"Mas, no entanto, sabia que esta crónica não podia ser a da vitória definitiva. Podia apenas ser o testemunho do que tinha sido necessário realizar e que, sem dúvida, deveriam realizar ainda, contra o terror e a sua arma infatigável, a despeito das suas dores pessoais, todos os homens que, não podendo ser santos e recusando-se a admitir os flagelos, se esforçam, no entanto, por ser médicos."
Ou enfermeiros, ou bombeiros, ou voluntários, ou professores...
1 comentário:
Fiquei,bem novinha, marcada pelo "Estrangeiro" e tenho medo dos dias de muito calor
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