Era até ao dia 10. Não entreguei: eu e mais meia dúzia de professores.
Três coisas me impressionaram até ao momento.
Uma, o medo que domina actualmente tantos professores. Numa democracia alegadamente europeia. É certo que alguns utilizam o pretexto do medo para disfarçar a sua ganância, ou a sua comodidade, ou simplesmente a sua demissão de pensar pela sua própria cabeça. Mas a maioria sente inegavelmente medo. Medo. Bem como vergonha por sentirem medo, por se submeterem a ele, por enfim quebrarem perante o poder que, por todos os meios, tem tentado diminui-los e destruir-lhes a sua fibra moral. Professores, titulares, professores no último escalão e até sindicalistas: todos.
Outra, a completa ausência dos jovens. Eles são a garantia da evolução das sociedades, são eles que asseguram a sua renovação mantendo-as, portanto, vivas. São eles que, desde sempre, se colocaram na primeira linha da contestação à tirania e à prepotência. Onde estão eles? Estarão paralisados pelo medo? Estarão apáticos? Será que criámos uma geração de conformistas?
Finalmente, o esquecimento. Hoje vejo as pessoas a rirem-se, a conversarem. Como se nada tivesse acontecido, como se nada se tivesse passado. Cento e tal professores agem em perfeita contradição com aquilo que acreditam (acreditaram?). Desistem de lutar na primeira acção positiva que podiam empreender, submetem-se a um poder grosseiro e boçal. E fingem que nada aconteceu? Transformam tudo isto num simples incidente negligenciável?
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