A vida. Tão pouco e tão tanto. (...) E todavia eu sei que "isto" nasceu para o silêncio sem fim... (Vergílio Ferreira)
domingo, setembro 20, 2009
Cidadania
Ontem, no Pátio das Letras em Faro, estive num encontro com a participação de Manuel Vilaverde Cabral e Luísa Schmidt, para a apresentação do livro Cidade & Cidadania.
Ao falar-se de mobilização e participação cívicas, muito maior nas cidades e maior entre a população jovem e feminina, falou-se inevitavelmente da luta dos professores (cuja esmagadora maioria é constituída realmente por mulheres).
Foi dito que os professores tinham ganho essa luta, já que o PS tinha perdido as eleições europeias e já que tinham sido introduzidas alterações ao sistema de avaliação.
Esclareçamos dois pontos:
Primeiro: os professores limitaram-se a uma vitória política parcial. Mas isso só se sabe agora.
Porque, durante quase quatro anos, e apesar da persistência da luta, politicamente, foram somando derrotas atrás de derrotas.
Quando o PS perder as eleições legislativas (e esperemos que as perca já), então os professores poderão falar de uma vitória política. Que só será plena se o novo governo desfizer o desastre em que está hoje mergulhada a escola pública.
De qualquer modo, a nível pessoal, ou profissional, ou de luta por um ideal de escola, a derrota dos professores é praticamente total; e temo que duradoura por muitos e largos anos, tal a profundidade do mal que lhes foi infligido.
Segundo: os professores lutam contra o sistema de avaliação que este governo quer impor, mas porque ele promove a destruição de uma escola pública de qualidade, promotora do sucesso cognitivo, social e emocional dos alunos. Portanto, simplificar o sistema sem o mudar, para os professores isso é o mesmo que nada, não se trata de vitória nenhuma, mas apenas da continuação da derrota por outros meios. É que não é mesmo contra a avaliação que os professores lutam, ao contrário da ideia que o poder quer fazer passar para a opinião pública.
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