Hoje deixei a depressão instalar-se no meu espírito. E lembrei-me de escrever este post.
Acredito que, a menos que se trate de uma depressão ligeira e ligada a uma altura especifica da vida, nunca se deixa de se ser tendencialmente depressivo a vida toda. Digo isto do mesmo modo que dizemos que será sempre um alcoólico aquele que, entretanto, já parou de beber. Ou seja, que cada dia será sempre uma batalha contra o álcool /a depressão, durante a vida inteira, sem descanso; porque uma distração, uma cedência, e o vício instala-se de novo; sim, acho que a depressão se pode tornar num vício também.
Por outro lado, podemos habituar-nos de tal maneira a combater a depressão que essa luta acaba por se tornar numa segunda natureza e quase já nem damos conta dessa guerra surda. Por fim, parece-nos que já nos livrámos dela para sempre... até ao momento em que, às vezes por causa de um relaxe progressivo, voltamos a cair em depressão.
Dever-se-á partir então para os químicos, para as drogas (legais, claro, mas drogas apesar de tudo) quando nos encontramos dominados pela depressão? A minha posição é negativa (a menos que se trate de depressões profundas, a provocar ideias de suicídio).
O uso de drogas levanta os seguintes problemas (sem preocupação de ordem): habituação, gastos elevados de dinheiro, efeitos secundários às vezes duros e, por vezes, poucos efeitos positivos quanto ao objectivo que se pretende atingir. E, problema não menos importante, o fazer com que nos coloquemos numa posição de vítima que não ajuda a que mudemos a situação em que vivemos, nem ajuda a que nos mudemos a nós próprios; e, ainda por cima, passamos a viver com mais um medo e mais uma dependência.
Mas qual a alternativa para as drogas? Obviamente, a psicoterapia: para aprender a lidar com a depressão; a limitar os seus efeitos e poder; e, eventualmente, a fazê-la desaparecer da nossa vida porque passamos a conduzi-la e a controlá-la melhor.
Tudo, mas mesmo tudo o que aqui escrevi baseia-se na minha experiência pessoal com a depressão. Portanto, se por um lado este testemunho não tem qualquer valor científico, é importante que se diga, por outro não é um relato académico, teórico, é um testemunho vivo.
Para terminar: hoje não a eliminei, mas consegui afastá-la para um sítio onde não me incomodasse demasiado.
Sem comentários:
Enviar um comentário