A pró-sociabilidade.
Quando falamos deste construto, estamos a incluir não só
comportamentos, mas também atitudes e valores, todos em conjunto a contribuírem
para o benefício das pessoas. Por exemplo, cooperarmos com os outros, velarmos
pelo seu bem-estar, sacrificarmo-nos por eles, etc. De forma também a promovermos
o nosso crescimento pessoal.
Grupos que incluem maioritariamente pessoas com estas características
sobrevivem aos grupos com indivíduos egoístas. Como dizia David Sloan Wilson,
na sua célebre fórmula: "Selfishness beats altruism within groups.
Altruistic groups beat selfish groups. Everything else is commentary"
Os grupos beneficiam assim da existência destas pessoas mais
altruístas. Mas estas tmbém obtêm benefícios pessoais por procederem desta
maneira, confirmados por abundante investigação: têm mais e melhores amigos, têm
menos problemas comportamentais, obtêm melhores resultados académicos e são mais
saudáveis.
Mas porque é que caímos muitas vezes na competição? Será que
ela não é natural no ser humano? É. É e já se revelou útil no passado. Nomeadamente,
quando os recursos eram muito escassos e existiam outros grupos a competir por
esses mesmos recursos. Mas, dentro do grupo, o fator de sobrevivência mais determinante
era e sempre foi a cooperação.
Há algo que temos de estar atentos. Hoje em dia, a formação
e manutenção de ambientes de competição ou de cooperação está bem para lá do raio de ação dos que ocupam os lugares baixos e intermédios da organização. Assim, a evidência científica mostra que a responsabilidade pelo que acontece nas
organizações a este nível não deve ser assacada aos trabalhadores; fazê-lo de nada serve para mudar o estado de coisas. Os problemas
nas organizações são, na sua maioria, criados por quem tem o poder de as
modelar, isto é, as chefias; não pelos subordinados.
Todos se tornam mais pró-sociais quando vivem em ambientes que
estimulam valores, interesses e competências pró-sociais. Estas competências
têm a sua origem quando nos interrogamos se estamos a contribuir para a
segurança e sustentação dos ambientes que permitam às pessoas o seu
desenvolvimento confortável e positivo. E não para aumentar artificialmente o
medo e o stress a que elas são sujeitas.
Uma sociedade mais vincadamente pró-social permite a esperança numa inversão do crescimento acentuado das doenças mentais que se tem vindo a observar nas
últimas décadas.
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