47 anos. Assusta-me o pouco que me falta para morrer (já falei disto). É estúpido, eu sei. Dado que nunca sabemos quando morremos, a verdade é que pode faltar sempre pouco para morrer. Ou: é sempre infinita a distância entre existir-me vivo e não me existir morto. Não há consolo em nenhum destes pensamentos antagónicos. 47 anos. É um facto. Mas, pensando bem, não é mais do que isso: um facto completamente estúpido e vulgar.
Separado. Uma oportunidade para a esperança florir de novo.
Um filho. O amor absoluto. E, ao mesmo tempo, as músicas, os amigos, os colegas, as raparigas, tudo o que alonga e estreita a passagem para uma proximidade comigo. Para depois voltar?
Sem namoradas. Gosto mesmo desta palavra. E assim é que vai ser: não vou ter amantes, nem companheiras, nem apaixonadas, mas sim uma namorada: eternamente bela e irresistível!
Seja o que for que o futuro me reserve, desejaria imenso (como diz Fernando Nobre nas suas "Viagens contra a Indiferença"), desejaria imenso que a minha vida constituísse uma gota de orvalho na terra seca pelo egoísmo ou pela dor dos seres com quem me cruzo e me relaciono. Simplesmente isso.
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