O meio do dia, as nuvens que poderiam pressagiar desgraças se não corressem tão rapidamente em direcção ao mar, deixando para trás olhos molhados de gaivotas que não partem.
As vozes que me aprisionam, um coração dentro do peito e dorido porque não voa apesar de eu perguntar, perguntar tanto.
A pedra na minha mão, histórias de naufrágios, olhos cansados, o telemóvel vazio, sem luz.
Deitado de encontro à memória triste da violência, esgravato o meu futuro próximo de onde caem pequenas bagas de sabor acre, sonhos de outras maçãs doces realmente nunca comidas mas que chamam por mim quando volto a cara para o céu e para o vento de cabelos sem dona. De onde se desprende um gesto salgado pelo medo e um som de pressentida ternura.
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