Pacheco Pereira:
Em democracia, quando se vai para a "rua", local nobre e legítimo do protesto, tem que se saber que não se pode continuar nela sob pena de então as coisas estarem muito mal para a democracia. Duvido que nesta luta dos professores exista um plano B. O plano A resultou, está à vista hoje. Podia haver um plano B para 2009, no voto, mas duvido que quando lá se chegar exista uma alternativa no domínio político para o materializar. Por isso temo que disto tudo resulte pouco mais do que desespero apático, ou asneira agressiva. Vamos ver.
Infelizmente, parece-me que Pacheco Pereira tem toda a razão.
Num conflito só existe um plano B se houver espaço para ele.
E já se tornou mais que evidente que, neste conflito entre professores e Governo, esse espaço não existe.
Num conflito é o mais forte que estabelece a maior parte das regras do jogo.
Os professores vieram para a rua porque aqui não há regras nenhumas; aliás, a bem dizer, não há sequer jogo.
Esta marcha foi assim, sem dúvida, uma iniciativa nascida do desespero.
Desespero é o único jogo que este Governo permite aos professores jogarem.
Por isso, planos B?...
Termino, recordando as palavras de Amos Oz, em "Contra o fanatismo":
"Digo que a semente do fanatismo brota ao adoptar-se uma atitude de superioridade moral que impeça a obtenção de consensos." (p. 17)
"No meu mundo, a expressão "chegar a um acordo, a um compromisso" é sinónimo de vida. E onde há vida há compromissos estabelecidos. O contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é integridade, o contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é idealismo, o contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é determinação. O contrário de comprometer-me a chegar a um acordo é fanatismo e morte." (p. 87)
(a fotografia foi retirada da versão internet do Público)
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