A vida. Tão pouco e tão tanto. (...) E todavia eu sei que "isto" nasceu para o silêncio sem fim... (Vergílio Ferreira)
segunda-feira, julho 28, 2008
Fundo do Ambiente de Trabalho...
Admitamo-lo: há algo ali, no olhar, no cabelo.
...E é estúpido, eu sei, mas agora desligo o computador sempre com um sorriso.
sexta-feira, julho 25, 2008
Obediência à autoridade (1)
Stanley Milgram espanta-se e espanta-nos com o comportamento de pessoas, homens e mulheres normalíssimos, que aplicam choques eléctricos, cada vez mais devastadoramente potentes, a um outro ser humano... apenas porque há alguém, com ar de ter autoridade, que lhes diz para o fazerem!
Nem um único se recusou de início a fazê-lo!
Na capa do livro está fotografia de um dos sujeitos da experiência a carregar na mão da vítima para ela apanhar um choque eléctrico.
Há informação deste estudo aqui e aqui.
Mas a leitura do livro é indispensável, pois tem as reflexões insubstituíveis do próprio Stanley Milgram, bem como muitíssima mais informação sobre todos os estudos (com todas as suas variantes a cobrir todos os aspectos relevantes no que toca à obediência) que ele realizou....
domingo, julho 20, 2008
Leonard Cohen
sábado, julho 19, 2008
Decidi dar uma leitura a todos os poemas das canções, porque os versos que durante décadas foram o lema da minha vida têm de ser substituídos, visto representarem agora muito mais um fracasso que uma promessa:
I look for her always
I'm lost in this calling
I'm tied to the threads of some prayer
Saying, When will she summon me
When will she come to me
What must I do to prepare
When she bends to my longing
Like a willow, like a fountain
She stands in the luminous air
And the night comes on
And it's very calm
I lie in her arms and she says, When I'm gone
I'll be yours, yours for a song
The crickets are singing
The vesper bells ringing
The cat's curled asleep in his chair
I'll go down to Bill's Bar
I can make it that far
And I'll see if my friends are still there
Yes, and here's to the few
Who forgive what you do
And the fewer who don't even care
And the night comes on
It's very calm
I want to cross over, I want to go home
But she says, Go back to the World.
Do álbum "Various Positions", The Night Comes On.
E cheguei a estes, do álbum "The Future", Anthem:
Ring the bells that still can ring.
Forget your perfect offering.
There is a crack in everything.
That's how the light gets in.
É com estes versos que vou para o concerto, estes os versos que vão ser um eco da minha vida a partir de agora.
sexta-feira, julho 18, 2008
Auto-estima: a fraude
Ora eu vivo comigo 24 horas por dia (mas sou obrigado).
Parece-me natural que eu não goste (e que nunca venha a gostar) de mim assim por aí além, não havia de ser eu a excepção.
Portanto, a conclusão necessária é que é pouco mais que inútil a luta para gostarmos de nós próprios, pois trata-se de uma batalha perdida.
Lutar para conseguirmos evoluir como pessoas, respeitar-nos a nós próprios, divertirmo-nos connosco mesmos, realizarmo-nos (pessoal e profissionalmente), isso sim, valerá a pena porque está ao nosso alcance.
(Será que os gurus da auto-estima nunca pensaram nisto?)
quinta-feira, julho 17, 2008
O ódio (II)
Se não o fizessem, teriam a desagradável sensação de, nos últimos anos, terem vindo a proceder como uns patifes em relação aos professores.
Desta maneira, têm podido alegar (para si próprios ou para os outros) que mesmo as mais torpes das suas iniciativas resultaram de uma genuína convicção.
Esta vil manobra faz descansar qualquer consciência pouco exigente (os nazis que o digam).
segunda-feira, julho 14, 2008
Exames e erro dos professores
Pela primeira vez os exames, nomeadamente os do 9º ano, estão realmente de acordo com o sistema de ensino como ele existe actualmente: um sistema em que um aluno, por exemplo, pode passar, no 7º e no 8º, com "negativas" a todas as disciplinas; ou pode estar suspenso os dias que estiver e fica com todas as faltas justificadas automaticamente; etc, etc.
Portanto, agora é que os exames estão correctos e adaptados às exigências que o sistema de ensino põe aos alunos, não os dos anos anteriores (que serviram unicamente um propósito político bem definido, com total desprezo pelas pessoas dos alunos).
Quando os professores reclamam da facilidade destes exames estão a enveredar por um caminho suicidário. Com exames exigentes e com o sistema de avaliação que vai entrar em funções, os professores "lixam-se". Eles não conseguem promover um ensino exigente quando são impedidos de o fazer de todas as maneiras imagináveis.
Além disso, este movimento de facilitismo no ensino é imparável e irreversível. Simplesmente porque abre um mercado de educação muito lucrativo (não esquecendo a satisfação das famílias por os alunos completarem os diferentes graus de ensino sem nunca reprovarem). São as escolas privadas com procuras gigantescas, são os mestrados e doutoramentos (porque o processo de Bolonha o que é senão também um passo nesta direcção? Licenciaturas vão ser completamente banalizadas) sempre a pagar e a pagar bem.
Há demasiado dinheiro a ser ganho com este facilitismo para que ele possa vir a desaparecer.
Nota: Estamos numa sociedade esquizofrénica? Quando a Ministra mente, toda a gente louva as suas palavras e enche-a de elogios. Quando fala verdade (muito raramente, é certo), cai-lhe toda a gente em cima a chamá-la de mentirosa: foi assim quando disse que não tinha cedido em nada de significativo aos sindicatos sobre a avaliação dos professores (como as escolas estão a verificar já) e é assim quando agora diz que estes exames foram fiáveis e de muito boa qualidade.Vivo num mundo muito estranho...
terça-feira, julho 08, 2008
O dilema do prisioneiro e as escolas
Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia.
A polícia tem provas insuficientes para os condenar, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos de sentença.
Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a 6 meses de cadeia cada um.
Se ambos traírem o comparsa, cada um leva 5 anos de cadeia.
Cada prisioneiro faz a sua decisão sem saber que decisão o outro vai tomar, e nenhum tem certeza da decisão do outro.
(para ver mais desenvolvimentos sobre este dilema: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dilema_do_prisioneiro)
Trata-se aqui de saber como vai proceder cada um dos prisioneiros.
1) Se eu não confessar e o outro também não, safamo-nos os dois com poucos estragos.
2) Mas se o outro decidir confessar e eu não, ele safa-se e eu estou completamente tramado.
3) Se confessarmos os dois (aparentemente a hipótese mais relaxante) as consequências são pesadas mas, de alguma forma, limitadas.
4) E, claro, se eu confessar e o outro não, estou safo... a menos que, depois, a autoridade decida que "Roma não paga a traidores" e eu acabe também por me lixar.
Ora é este dilema que as escolas estão neste momento a viver. Se em vez da palavra “confessar” pusermos “avançar com os procedimentos para a contratação de um director”, temos este dilema no seu estado quase puro. Veja-se:
1) Se a minha escola não avançar e as outras também não, safamo-nos todos com poucos estragos.
2) Mas se as outras escolas decidirem avançar e a minha não, elas safam-se e a minha fica completamente tramada.
3) Se avançarmos todos (aparentemente a hipótese mais relaxante) as consequências são pesadas mas, de alguma forma, um pouco mais controladas.
4) E, claro, se a minha avançar e as outras não, a minha escola está safa... a menos que, depois, o ME decida que “Roma não paga a traidores”!
O meu palpite: a maior parte está a avançar, com as esperanças postas na hipótese 3).
A realidade na minha escola: quando foi da avaliação, apostaram também na hipótese 3) e trabalharam que se desunharam... para nada, porque acabou por funcionar a hipótese 1).
sexta-feira, julho 04, 2008
Respeito por si próprio
(...)
Assim, negando e porque negamos, recusamos a nós próprios a condição de «coisa», (...)"
(Vergílio Ferreira, Da Fenomenologia a Sartre)
terça-feira, julho 01, 2008
Salgueiro Maia
"Filho e neto de ferroviários, como gostava de ser reconhecido, Salgueiro Maia era profundamente aristocrata em toda a sua maneira de ser e de pensar. Só um aristocrata é capaz de ter o desprendimento das coisas e do mundo que ele tinha e o mundo interior que soubera construir. Como diz um grande poeta português, a aristocracia é acima de tudo a ambição de ser e não a avidez de ter. Maia sabia que “era”, mas essa consciência do valor e da vida não a transformava nunca num poder de manobra para ter o que a inveja ou a maldade dos outros lhe negara sempre. E, por isso, tinha o sabor de uma ironia crítica e um profundo orgulho de ser exactamente aquilo que era."
(Francisco Sousa Tavares, O Sereno Herói de Abril, in Salgueiro Maia, Capitão de Abril – Histórias da Guerra do Ultramar e do 25 de Abril – Depoimentos, Editorial Notícias, Lisboa, 1994, pp 115 - 119)