terça-feira, julho 08, 2008

O dilema do prisioneiro e as escolas

Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia.
A polícia tem provas insuficientes para os condenar, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos de sentença.
Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a 6 meses de cadeia cada um.
Se ambos traírem o comparsa, cada um leva 5 anos de cadeia.
Cada prisioneiro faz a sua decisão sem saber que decisão o outro vai tomar, e nenhum tem certeza da decisão do outro
.

(para ver mais desenvolvimentos sobre este dilema: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dilema_do_prisioneiro)

Trata-se aqui de saber como vai proceder cada um dos prisioneiros.

1) Se eu não confessar e o outro também não, safamo-nos os dois com poucos estragos.

2) Mas se o outro decidir confessar e eu não, ele safa-se e eu estou completamente tramado.

3) Se confessarmos os dois (aparentemente a hipótese mais relaxante) as consequências são pesadas mas, de alguma forma, limitadas.

4) E, claro, se eu confessar e o outro não, estou safo... a menos que, depois, a autoridade decida que "Roma não paga a traidores" e eu acabe também por me lixar.

Ora é este dilema que as escolas estão neste momento a viver. Se em vez da palavra “confessar” pusermos “avançar com os procedimentos para a contratação de um director”, temos este dilema no seu estado quase puro. Veja-se:

1) Se a minha escola não avançar e as outras também não, safamo-nos todos com poucos estragos.

2) Mas se as outras escolas decidirem avançar e a minha não, elas safam-se e a minha fica completamente tramada.

3) Se avançarmos todos (aparentemente a hipótese mais relaxante) as consequências são pesadas mas, de alguma forma, um pouco mais controladas.

4) E, claro, se a minha avançar e as outras não, a minha escola está safa... a menos que, depois, o ME decida que “Roma não paga a traidores”!

O meu palpite: a maior parte está a avançar, com as esperanças postas na hipótese 3).

A realidade na minha escola: quando foi da avaliação, apostaram também na hipótese 3) e trabalharam que se desunharam... para nada, porque acabou por funcionar a hipótese 1).

Avanço ainda uma constatação preocupante: vivemos numa sociedade que pressiona toda a gente para o conformismo, fazendo aparecer como uma aberração ou, pelo menos, como uma estupidez, qualquer iniciativa que não tenha a garantia de ser assumida pela maioria das pessoas ou organizações.

Assim, se isolada ou individual, a acção, ainda que correcta, não consegue que lhe seja atribuída qualquer valor. E as pessoas desistem.

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