
"Filho e neto de ferroviários, como gostava de ser reconhecido, Salgueiro Maia era profundamente aristocrata em toda a sua maneira de ser e de pensar. Só um aristocrata é capaz de ter o desprendimento das coisas e do mundo que ele tinha e o mundo interior que soubera construir. Como diz um grande poeta português, a aristocracia é acima de tudo a ambição de ser e não a avidez de ter. Maia sabia que “era”, mas essa consciência do valor e da vida não a transformava nunca num poder de manobra para ter o que a inveja ou a maldade dos outros lhe negara sempre. E, por isso, tinha o sabor de uma ironia crítica e um profundo orgulho de ser exactamente aquilo que era."
(Francisco Sousa Tavares, O Sereno Herói de Abril, in Salgueiro Maia, Capitão de Abril – Histórias da Guerra do Ultramar e do 25 de Abril – Depoimentos, Editorial Notícias, Lisboa, 1994, pp 115 - 119)
Sem comentários:
Enviar um comentário