sexta-feira, junho 03, 2005

A dor no(s) blog(s)

A dor, não a dor física, mas a dor associada ao facto de existir (e de eu existir de forma desde sempre desastrada), é uma parte muito significativa da minha vida, tanto no tempo como na profundidade. No entanto, eu raramente a ponho aqui. E noutros blogs fazem o mesmo que eu. Porquê?
Há algo no sofrimento que seja um tanto obsceno aos olhos dos outros e daí que se evite mostrá-lo? E o que é que significa este adjectivo "obsceno" usado neste contexto?
Será que, ao me expor publicamente, sinto a obrigação estrita (como se se tratasse de um contrato assinado entre mim e os que me lêem) de divertir os outros?
Ou acredito que, por falar na minha dor, vou constituir um peso desagradável para esses outros e que, por baixo disto tudo, está o medo de ser abandonado, deixado de lado, sozinho?
Ou que gozem com a dor, a amesquinhem e a banalizem? Ou seja, tenho é medo que desprezem a minha fraqueza, a minha falta de inteligência?
Não sei, mas suspeito disto tudo.


Como é que eu reajo quando as pessoas me falam da(s) sua(s) dor(es)? Sinto-me muito constrangido? Às vezes sim, principalmente quando não sei como ajudar. Normalmente não, porque como tenho bastante experiência nesse domínio e nunca deixei de lutar contra essa fatalidade (espero que não o seja!), posso passar muita coisa que sei que resulta, ou então simplesmente compreendo e mostro que compreendo (porque realmente compreendo mesmo).
Em muitas dessas situações vejo que são a altura necessária de eu transmitir à pessoa dominada pela dor o quanto gosto dela, o quanto ela é importante para mim (tendo uma namorada ciumenta isto é muitas vezes um grande, grande problema!).


Bom, depois desta conversa toda, começo ou não a falar das minhas dores? Para já, não... Não? Mas neste post já falei, não foi? :)

2 comentários:

Maria Heli disse...

Foi! :)

Sabes uma coisa: eu, por exemplo, tenho muito mais facilidade...não não é facilidade. Eu tenho muito mais apetência para falar do que me faz bem; do quanto e quando estou bem, do que quanto e quando estou mal. Ou seja, quando o que me dói, me dói, a tendência é para ficar quieta no meu canto, longe de tudo e de todos. Quando o que me alegra, faz feliz, me faz feliz, tenho tendência a dizê-lo a toda a gente!
Feitios ou defeitos!?
bjo e bom fim de semana

Rui Diniz Monteiro disse...

Maria Heli, comecei aqui a escrever a resposta ao teu comentário, mas ficou tão longa que decidi fazer dela um post. Obrigado, bj e bom fim de semana também para ti.