sábado, setembro 03, 2005

Pornografia

Volumes de produção e de vendas fabulosos. Que necessidade profunda e extensa é preenchida pelo visionamento de filmes e fotos porno?
A mim atraem-me imenso. Quando me sinto só.
Compreendi desde o princípio, embora obscuramente, o Robert de Niro, no "Taxi Driver", a ver filmes pornográficos. Depois percebi porquê.
Porque o porno mata o desejo. Oh, claro que excita, claro que o corpo reaje! Mas não é disso que eu estou a falar.
Falo daquele desejo, sexual, sim, pela mulher concreta e ao mesmo tempo idealizada, mas que é um apelo a uma fonte primordial, que anseia pelo indizível, por algo de anterior e para além de mim próprio.
É esse desejo, particularmente doloroso na solidão mais absoluta, a do amante rejeitado, que o porno mata.
Como o vinho para um alcoólico, o porno seduz-me. Eu fujo dele.

9 comentários:

Sofia disse...

Acontece. Quando, em vez de se lutar pela "mulher concreta e ao mesmo tempo idealizada", se prefere ir pelo caminho mas fácil. Tal como no uso de qualquer substituto, de resto...

joaninha disse...

Creio que tudo o que deturpa a mente, apenas serve para nos enganar. Entendido?
Obrigada pelas palavras no meu Joaninha. Crê que só escrevo o que sinto e cada palavra tem o sentido da lava de um vulcão, que me faz arder e verter rios de imaginação incandescente.
Até ao fim do mês não vou escrever mais, pois vou arejar as ideias numas ferias bem merecidas, para retemperar a vontade de ensinar no próximo ano lectivo. Um abração.

Rui Diniz Monteiro disse...

Sofia, a luta continua sempre e, às vezes, é no momento em que parece que a derrota se consuma que há um volte-face. Ainda não sei em direcção a quê, mas foi o que me aconteceu hoje. :)
Achas que a pornografia é simplesmente um substituto? Eu acho que é qualquer coisa mais.

Rui Diniz Monteiro disse...

Lilly, aí está uma pergunta que eu não sei mesmo responder, seja a mulher nascida dos sonhos ou de fora deles! ;)

Mas estou perplexo: Falo de pornografia e as pessoas falam da mulher. Eu não estive a ver pornografia nenhuma, juro, mas mesmo assim vocês são mais espertas que eu, a descobrirem o que está por detrás do que escrevo... em vez de responderem à minha questão! :)

Sofia disse...

Rui, acho que é um substituto, sim. Não "simplesmente um substituto" mas, na maioria das vezes, é-o. Um homem macho, não é muito diferente de uma mulher fêmea. Obviamente, há mulheres e homens que abominam a pornografia, como os há, que não. No limite, todos somos animais. Répteis, para ser mais precisa :). Lembrei-me de uma música de Leonard Cohen. Se fosse tudo florzinhas e ternura, não fazia sentido existir uma música como "I'm your man"... Qual é a tua questão, à qual não respondemos? :)

Rui Diniz Monteiro disse...

Olá Sofia, a questão é sendo tanta gente a consumir, que necessidade profunda é assim satisfeita? Eu pus aquela que me pareceu ser a minha e que tem muito a ver com a parte mais autodestrutiva de mim próprio, por isso fujo.
Fui reler o poema "I´m your man". Sei o que isto é pelo que tem sido nos últimos meses.

Sofia disse...

Olá, Rui. A necessidade profunda, é a fisiológica. A mais básica. Completamente desprovidos de afecto, somos sexo. Só existe prazer. Não há dor emocional. É um mundo de prazer. É assustadoramente apelativo, convenhamos. :) Mas acaba por ser o que menos compensa, na minha modesta opinião. A todos os níveis. :)

Rui Diniz Monteiro disse...

Concordo, Sofia, embora não saiba bem porquê. A minha concordância é visceral, não é racional.

Sofia disse...

Sexo, não é racional. É visceral. Eis o porquê. :)