A relação de Vergílio Ferreira com o ensino é uma relação de prisão, de sofrimento, de inconformismo com tudo o que é menor na Educação.
A única coisa que alivia este "peso", esta "condenação", "chatice", "degradação", "afrontosa invasão de uma vida que me nega", etc, etc, é o bom aluno: o que sente apetência pelo saber, o que tem disponibilidade dentro de si para apreciar esse saber, o que trabalha e se esforça por obter um acesso priviligiado ao núcleo, à essência desse saber.
Hoje ainda há alguns, poucos é certo, bons alunos. Mas, tirando em algumas escolas bafejadas pela sorte, a sua voz e a sua presença encontram-se abafadas em turmas onde, por imposição de sucessivos governos, a selvajaria se tem vindo a impôr cada vez mais.
Hoje Vergílio Ferreira ou não aguentaria ou nunca seria o Vergílio Ferreira que foi...
Para mim, este (Vergílio Ferreira - O Excesso da Arte num Professor por Defeito ) é um livro triste.
Fez-me lembrar outros tempos onde se podia imaginar ser o outro professor que Vergílio Ferreira invoca, por oposição ao desautorizado mensageiro, burocrata programado do saber e escravo de horários embrutecedores, em que o docente de hoje se tornou.
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