Não há nada, não há praticamente episódios nenhuns, nem história, nem histórias, nada.
Mas é deste quase nada que ele escreve os seus aerogramas, do desespero e, principalmente, do grande amor que António Lobo Antunes dedicava à mulher.
E eu comovo-me com a sua juventude amarga que transparece nestas cartas.
Mas há algo que perturba permanentemente a minha leitura: as declarações de amor absoluto e eterno, sempre implícitas e explícitas em todas as cartas.
O problema é que eu sei, todos sabemos, que ele se separa da mulher 5 anos depois.
Separação "estúpida", como reitera várias vezes em "Conversas com António Lobo Antunes", de María Luisa Blanco, p.57 e 58.
E "Ela nunca voltou a viver com ninguém pensando que eu ia voltar."
Assusta-me a extrema fragilidade das coisas, dos sentimentos.
E a dor.
No amor andamos sempre no fio da navalha.
3 comentários:
Como não estou registada no Blogger, não pude dizer-lhe no Murcon.
Digo-lhe aqui: plenamente de acordo com a sisuda antipatia das mulheres portuguesas.
E agora vou ler mais uns posts porque este também em agradou :)
Na vida andamos sempre no fio da navalha...
Obrigado, Pausa. Eu acho que é ainda uma sombra antiga do salazarismo que paira por aqui e é o medo, o medo de ser mal interpretada, de ser mal vista ou de ser objecto de maledicência que provoca isso.
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