"Na educação do ser humano justifica-se uma correcção moderada que pode incluir alguns castigos corporais ou outros. Será utópico pensar o contrário e cremos bem que estão postas de parte, no plano científico, as teorias que defendem a abstenção total deste tipo de castigos moderados.". A conclusão é dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) - relator João Bernardo e juízes Pires Salpico, Henriques Gaspar e Políbio Flor (...)
(no Diário de Notícias de hoje)
Sem qualquer espécie de ironia devo dizer que me sinto grato a estes Srs. Juízes.
Eu sei, este acórdão é uma vergonha para Portugal.
Também sei que os portugueses, na sua esmagadora maioria, de classes altas ou baixas, cultas ou incultas, se fossem inquiridos anonimamente, concordariam com ele. Pelo que o referido acórdão é, no fundo, expressão daquilo que quase toda a gente considera razoável e aceitável. Apesar de ser um sinal de barbárie.
Mas, graças a ele, pode-se esclarecer:
"Não há qualquer referência, em lado algum, à punição como forma de aprendizagem para qualquer criança, com deficiência ou não", explica ao DN o professor de Educação Especial e Reabilitação da Universidade Técnica de Lisboa, David Rodrigues.(...) O acórdão só pode ser considerado , por isso, "um documento incompetente, arrogante e retrógrado."
E graças a ele sabe-se que há, apesar de tudo, bastante gente que se sente revoltada com esta vergonha e que não tem receio de o mostrar: David Rodrigues, Associação Pró-Ordem dos Psicólogos, Associação Portuguesa de Deficientes, Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, UNICEF, Helena Garrido e todos os jornalistas que não hesitam em mostrar repúdio por aquelas ideias.
E isto, garanto-vos, é bom!
Porque as crianças neste miserável país estão indefesas face à brutalidade dos adultos.
Uma sugestão: arranjem um tempo para ler The History of Child Abuse por Lloyd deMause. Nunca mais a vão esquecer.
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