A distância que vai daquilo que somos ao que estamos convencidos que somos é, a maior parte das vezes, muito grande.
A partir deste auto-engano tentamos proceder de acordo com esta ideia que gostamos de fazer acerca de nós, o que nem sempre conseguimos.
Quando o amor acaba, ou o que faz com que ele acabe, é a revelação em toda a sua crueza do que nós realmente somos: homens ou mulheres sem grandeza nem bondade.
Para mim, é um choque sempre. Para os outros também deve ser.
Nesta altura, a relação tem de acabar no rancor, na amargura? Tem de acabar, sequer? Não necessariamente.
Podemos concluir que o ser que tanto amávamos (incluindo pela sua perfeição) não é o ideal.
Mas que é predominantemente desejável, comovente e amável.
Cantava Jacques Brel:
"Il nous fallut bien du talent
Pour être vieux sans être adultes"
2 comentários:
não tem que acabar sempre assim mas às vezes isso acontece, quando houve muito amor. Na chanson des vieux amants, Brell tb canta: je t'aime encore tu sais.
Quero aproveitar este post - porque gosto muito de Brel e dessa canção em especial - para lhe dizer que nunca tinha vindo aqui e que gostei muito do ambiente! :)
Os seus "apontamentos" são algo que me deu gosto ler!...
Enviar um comentário