segunda-feira, setembro 22, 2008

Racismo (e as eleições americanas)

Seremos todos racistas? Eu acho que sim. Eu pensava que não. No tempo em que trabalhava em Lisboa e andava de metro reparei, um dia, que quando entrava um grupo de jovens negros eu ficava muito mais tenso do que se entrasse um grupo de jovens brancos. Sem razão concreta absolutamente nenhuma. Perdi um bom bocado da minha inocência aí.

Nos Estados Unidos, uma sondagem recente apresenta valores preocupantes de racismo. Que irão aliás condicionar, não tenho dúvidas nenhumas, os resultados eleitorais. Por uma simples razão: mesmo aqueles que dizem que não deixam que assuntos de cor da pele influenciem a sua decisão, na hora de votar, no anonimato da cabine, muitos irão votar em McCain porque Obama é "negro" (que em rigor, aliás, não é).

Tantas vezes que me pergunto de onde surge esta força maléfica que leva à distância, ao desprezo, ao ódio! Se houvesse só racismo dos brancos contra os pretos, eu avançaria com a explicação de que, possivelmente, na base estaria a cor negra que, na nossa cultura, associamos ao Mal e à Morte. Mas o racismo também existe no sentido contrário, embora menos, pelo menos nos EUA, como se concluiu da dita sondagem (por exemplo: "One in five whites [20%] have felt admiration for blacks "very" or "extremely" often. Seventy percent of blacks have felt the same about whites.")

Já sabemos que o conceito de raça não tem qualquer base científica consistente. E, do ponto de vista da realidade, é igualmente absurdo: o que é exactamente um "negro" ou um "branco"? Veja-se isto que me aconteceu:
X para mim é negra. X dizia-me no outro dia: "Não gosto nada do noivo da minha filha, mas o pior de tudo é que ele é negro, é mesmo preto!" E eu fiquei a olhar para ela, de boca aberta, estupefacto!

1 comentário:

Anónimo disse...

tudo depende da conotação da palavra negro. Duma forma simplista, o branco esta associado genericamente á riqueza, bem estar, instrução e o negro ao contrario! quem voluntariamente se disponibiliza a perder??