domingo, setembro 07, 2008

Resistir à autoridade injusta

O livro: Milgram, S. Obedience To Authority. London: Pinter & Martin Ltd, 2005.

Excertos, (1), (2), (3), (4) e (5) do 1º capítulo, “The Dilemma of Obedience”.


Fundamental a sua leitura numa época em que é cada vez mais tentador encher o nosso tempo livre com distracções, em que cada vez mais nos vemos obrigados a gastar esse tempo com mais horas de trabalho ou de formação profissional, isto tudo em vez de parar para reflectir. Simplesmente isto, reflectir. Lendo este livro, nem sequer se perde tempo à procura de modos de reflexão – cada capítulo é um desafio duro às nossas crenças e auto-ilusões.

Proponho aqui um exercício que fiz e que vou partilhar. Tendo realizado uma segunda leitura (depois de uma primeira, em que os meus estados de espírito alternaram entre a estupefacção e a perplexidade), fui retirando indicações de como resistir melhor ao poder que as diferentes autoridades do nosso dia-a-dia exercem sobre nós.

Um outro exercício, muito mais difícil (e demorado) de fazer, é questionar a nossa forma de exercer a autoridade no desempenho das nossas funções profissionais e parentais. Desde que li o livro que já não sou o mesmo, devo dizê-lo. Em que medida é que isso se irá reflectir na minha prática diária de professor é algo que estou ansioso por pôr à prova a partir de 15 de Setembro.

Aqui estão então as minhas conclusões-sugestões (que não são obviamente exaustivas, nem dispensam de todo a leitura do livro).

3 comentários:

Xantipa disse...

Não li o livro, mas fui ler as suas conclusões-sugestões, como diz, e achei que há ali muito em que reflectir. Aliás, é assunto sobre o qual me vou debruçando ao longo da vida. Lembro-me de, em 1989, dois meses antes do muro cair, perguntar em Berlim, a uma amiga, como era possível que aqueles homens armados que entrevíamos por ali, disparassem assim...
Obrigada pelo seu trabalho de resumo.

Rui Diniz Monteiro disse...

Xantipa,
Muito obrigado pela sua atenção. Concordo consigo. Aliás, parece-me que cada um daqueles pontos pode representar uma luta bastante complexa, com opções muito difíceis.
Agora estou a ler "Eichmann em Jerusalém" da Hannah Arendt e dele darei notícia mais tarde: exemplifica as conclusões deste livro de Milgram, mas pelo lado mais negro que possa imaginar. Não só pelos horrores que todos mais ou menos conhecemos, mas pelas pessoas (sim, não só Eichmann, não só alemães) que ajudaram à sua realização.
O problema com que me defronto no dia a dia não é o de tentar ser humano, porque aí tenho esperança de o conseguir. A minha verdadeira dificuldade, que ainda não sei como vencer verdadeiramente (e já vou tendo 50 anos, não terei muito mais tempo), é a de não deixar que me desumanizem pelo medo.
Porque eu sinto muito medo: deste governo principalmente, embora também dos pequenos ditadores que aparecem pelas nossas escolas, sejam eles inspectores ou colegas.

Xantipa disse...

Eu faço um esforço para não ter medo, pois não me quero subjugar a essa tirania (a do medo). O horror que Hannah Arendt transmite (e não li esse livro) resume-se na sua ideia da banalização do mal, que hoje vemos tão assustadoramente generalizado.
Boas leituras, mas aconselho-o a aligeirar...
E não diga que 50 são muitos!
:)
Eu cá espero ser como o meu pai ficar até aos 92, pelo menos!
;)